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outubro 27, 2016

A USO DO ADIJÁ

    Entender o uso do Adijá  nos leva aos fundamentos do principal instrumento que Lemba/Oxalufã, se apresenta em dias de festas e em alguns fundamentos restritos do uso deste instrumento.

   O bastão, cajado que deve se manter de pé, para propagação e expansão da vida.

    Foi dado a Lemba/Oxalufã, por Nzambe/Olorum, o poder de guardar o segredo da vida e da morte representado em seu Sualemi/Ala. 
    É uma representação do ar/atmosfera, que sobre a terra cobre tudo e todos como um manto.

o Seu cajado/bastão/vara o Opaxorô é simbolo de poder ancestral masculino/feminino.  


    " QUANDO ESTE ORIXÁ EM TRANSSE EM SEUS FILHOS, PORTANDO O OPAXORÔ, ELE BATE COM FIRMEZA O SEU CAJADO NO CHÃO. É NO SENTIDO DE INVOCAR OS NOSSOS ANCESTRAIS E TODOS OS SEUS FILHOS ORIXÁS, PARA REUNI-LOS COM ELE, TRAZENDO TODA A SUA FORÇA E AXÉ PARA  A CASA ".


    O adijá nada mais é do que uma representação deslocada sintetizado do opaxorô e para o uso restrito dos mais velhos.
Quando um mais velho está usando o Adija, automaticamente ele está de posse de um instrumento de um grande axé. Pois é como se fosse o próprio Lemba/Oxalá que o esta empunhando, invocando toda uma linhagem ancestral divinizada e todos os Orixás.

    Lemba/Oxalá é a luz do mundo, quando rezamos as rezas direcionadas a luz nós Rezamos a Lemba/Oxalá.

    Sua representação sublime em forma de Adijá, conduz as nossas rezas, os nossos Inkisse/Orixás, o Muzenza/Iyaô recém nascido e acima de tudo o Adijá é a mão de Lemba/Oxalá nos guiando em todos os momentos de uso do Adjá.


    O comercio nos oferece o Adijá em formas diferentes e confeccionado em metais diferentes; como o latão amarelo, o cobre, o inoxidável, as folhas de flandre e até mesmo de alumínio mas, se, a representação simbólica do Adijá é uma representação da presença de Lemba/Oxalá, não seria correto a confecção deste instrumento em alguns metais, pois fugiria do fundamento básico que nos ensina que Lemba/Oxalá é um orixá do branco e que pode aceitar o azul claro e o cinza. Então o uso destes metais como o cobre e o metal ou latão amarelo não está dentro da base de fundamentos deste Santo e como tal não poderia representa-lo.



    Isso é somente uma opinião minha, eu não estou aqui para dizer o que é certo ou errado, pois para mim o certo e o errado é uma simples questão de aprendizado de cada um. Meu único propósito aqui é divulgar o candomblé.



                               

                             NGUNSO   A TODOS       MAKUIU.
    

outubro 19, 2016

O CANDOMBLÉ E A DIVINA TRINDADE

    Abordar este assunto nos força a lembrar de alguns dos Mitos da criação das primeiras Divindades antes da criação do mundo material.

    Um destes mitos nos fala da Onipotência de Zambi/Olorum.

  "  Conta-se que todos os nove Orum/céu, foram criados e colocados dentro de uma cabaça e esta cabaça com seus conteúdos, foram colocados dentro de outra cabaça e que Zambi/Olorum a Divindade Suprema está sentado em cima ".


   Este mito nos mostra que, Zambi é a Divindade Suprema e que nós meros seres humanos jamais podemos alcança-lo, nem mesmo em nossos sonhos, ou orações. É uma divindade que não possui rituais e que se por acaso alguém promovesse um ritual para Zambi seria inútil.

    Outro destes Mitos nos diz que:

    " Zambi/Olorum era apenas uma massa de energia inerte, e com o passar dos milênios começou a movimentar-se muito lentamente. A partir deste movimento passou a respirar e de sua respiração nasceu Lemba/Oxalá as águas. E quando passou mais algum tempo, Olorum/Zambi, observou que nas águas havia formado uma camada de limo(lodo) e Ele contemplou aquela matéria que havia se formado das águas. 
Com seu hálito divino, Ele soprou esta camada de limo que formou uma bolha, e esta bolha petrificou-se, dando origem a primeira forma individualizada ".


    Deste mito podemos observar que Oxalá, as águas foi criado da respiração de Zambi/Olorum.(todos nós sabemos que a respiração é quente e úmida).
E das águas nasceu o limo/lodo ou seja Zumba/Nanãn.
O lodo/limo que recebeu o hálito divino e formou uma bolha petrificada era o nascimento de Exu.

    Para compreendermos melhor essa Divina Trindade ainda temos que observar mais um mito, mas desta vez da criação dos organismos vivos.

É um mito meio "diferente".

    " Conta-se que, Olorum quando foi criar o mundo material, defecou e cobriu com imensa folha. E debaixo desta folha toda a matéria e os organismos vivos foram criados ".




    Esta história "diferente", nos mostra que Zambi/Olorum, criou a matéria a partir da expulsão dos rejeitos de seu próprio corpo, dando origem a todos os organismos vivos. A imensa folha se transformou no ar/atmosfera.

    Observando estes mitos podemos notar que, as Divindades que simbolicamente são a Divina Trindade do Candomblé, foram criadas na alvorada dos tempos, Oxalá/Nanãn/Exu.

    Quem sabe um pouco sobre estas três Divindades, poderá notar que Elas tem algo em comum.

Primeiramente foram os primeiros criados.
Há um mistério entre Lemba/Oxalá e Zumba/Nanãn que diz, Lemba/Oxalá é Pai e ao mesmo tempo é filho de Zumba/Nanãn.
E que Zumba/Nanãn é Mãe e ao mesmo tempo é filha de Lemba/Oxalá.
Exu, Nanãn e Oxalá são a Divina Trindade.



    Vários objetos do simbolismo africano mostram isso. 



O tridente que representa pai mãe e filho que é símbolo de Exu.

O triangulo equilátero tem a mesma simbologia do  tridente e se voltado com a ponta para cima representa a expansão do poder masculino e voltado com a ponta para baixo representa a expansão do poder feminino.
Este triangulo está inúmeras vezes representados em estampas e desenhos africanos, formando losangolo, símbolo de expansão e crescimento



O formato da piramide, forma dada ao acaçá, devidamente enrolado na folha de bananeira, e muitas outras.......

   





    


                          PEMBELÊ A TODOS, MOJUBÁ.

outubro 17, 2016

MOKAM - IKANS - SENZALAS - XAUORÔS - ATORÔ

    Quando falamos do uso destas indumentarias, mokam, ikam, xauorôs, atorôs e senzalas que, ( em algumas casas são conhecidas como escravas) precisamos retornar ao momento em que elas são confeccionadas e que nos leva aos rituais de iniciação dentro da camarinha.

     Estas indumentárias que fazem parte dos paramentos de uma muzenza(yaô), estão relacionadas com sua condição de novo recém nascido mas, também estão intimamente ligados aos rituais do corpo e determinadas Divindades, os quais rituais Divindades e indumentarias serão mencionados ao longo do texto.




 O Corpo do noviço o novo iniciado, será preparado para ser um altar vivo, onde a Divindade será incorporada aos poucos por vários rituais que ao longo do período da iniciação serão feitos, não somente a retirada do mukunãn em si concretiza a iniciação, mas uma serie de outros momentos rituais que Inkisse(Orixá) Muzenza(Yaô), deverão passar para que de fato concretize uma iniciação completa.

     Os rituais do Corpo do iniciante são indispensáveis para que ocorra a "fusão" do iniciado com o Orixá e do Orixá e o iniciado de modo que quando invocado o Orixá possa se manifestar completamente.
    Esses rituais serão percebidos pelos olhos experientes dos Pais e Mães de santo, quando a Muzenza (Iyaô) se apresentar na sala em movimentos de expressão corporal nas danças rituais chamadas saídas de muzenza.

    Essas indumentárias símbolos dos recém iniciados são confeccionadas com materiais como palha da costa, búzios, miçangas e determinadas ervas apropriadas para que elas possam exercer os seus significados e propósitos.
    
    A simbologia fundamental desses objetos é de proteção do corpo que foi preparado por rituais específicos de purificação, para a incorporação do Inkisse (Orixá) que é sagrado (Santo).
E o que é Santo é puro e o corpo "Altar vivo" deve estar purificado para que o Ngunso, força do orixá individualizado será "fixado" através do kutunda (adoxe).



    A palha da costa tem significado simbólico e fundamental, e  é própria para confeccionar esses objetos por quê, além de pertencer a família Kavungo e ser de uso constante nos vários fundamentos de Santo é  também representação ancestral e de proteção.
Kavungo(Omolu/Obaluayê), é o Inkisse/Orixá que usa abundantemente a palha da costa, por vários fundamentos que a palha representa.


  O Mokãm é confeccionado com palha da costa trançada, e unindo as pontas da trança, nós teremos um circulo que é simbolo de continuidade. É colocado nesse circulo duas vassourinhas também confeccionadas de palha da costa.
Essas "vassourinhas" simbolizando o varrer o afastar da Morte, são símbolos de Zumba(Nanãn) o Inkisse/Orixá que detém o Ngunso/força da Divindade Iku. Antiga Divindade que faz parte dos fundamentos de restituição. 
    Posicionadas de forma que fiquem uma para trás e outra para frente. As " vassourinhas" são para que o recém iniciado, não vá de encontro com Iku e para que Iku não o apanhe pelas costas, pois  o recém iniciado estará simbolicamente em uma tênue linha entre vida e morte no seu processo de iniciação, e Iku estará sempre a espreita. 
    O Mokãm tradicionalmente é adornado com miçangas nas cores do Inkisse/Orixá para quem o iniciante será feito e também com búzios símbolo de ancestralidade riqueza e abundancia.
O Mokãm é de uso constante do recém iniciado durante todo o longo período da iniciação e o acompanhará até que se feche o ciclo da iniciação que ocorrerá na obrigação de um ano.
Em algumas casas o costume do uso do Mokãm é até a obrigação de três anos. 


Os tradicionais Contra Eguns, que são chamados de Ikãm, possui um significado obvio ao nome, é para que os chamados "Eguns" não se aproximem do novo iniciado, e não é apenas de uso somente para os noviços, mas a todo momento que se faz necessário o seu uso.

As Senzalas/Escravas, são braceletes também confeccionadas de palha da costa adornadas com búzios e miçangas, colocadas sobre os Ikãns/Contra Eguns de sete, nove, quatorze e até vinte e uma voltas nos braços dos noviços. Servem para que os ancestrais de direita e de esquerda do noviço possam protege-lo, de possíveis energias negativas durante as sua apresentações na sala.
De acordo com a disposição dos búzios indica Santo Masculino e ou Feminino.




O Atorô, também conhecido como umbigueira, é fundamental para equilibrar as energias que sobem dos pés em contato constante com o chão e as energias que vem do Duilo/Orum, céu.
Possui um fundamento bem complexo ligado a ancestralidade, ao Ikisse Angorô/Oxumarê.




Os Xauorôs/Guizos são presos em uma trança de palha da costa, em pares. Seu significado tem muita relação com Iku e com o material com o qual é forjado.
No interior do guizo tem ou deveria ter pedaços de aço inoxidável, metal que possui baixíssima corrosão, símbolo de Kisila tabú para Egum.

   


 O Atorô, Ikam e Xaurôs, são usados durante  o período de iniciação e acompanhará o noviço por três meses pós recolhimento, quando são retirados na quebra de Kelê.



A BENÇÃO A TODOS OS FUTUROS E RECÉM INICIADOS, POIS VOCÊS SÃO O FUTURO DOS MAIS VELHOS.

                                 RESPEITOS A TODOS





outubro 14, 2016

CAMARINHA O ESPAÇO SAGRADO, O TEMIDO QUARTO ESCURO

    A Camarinha é um dos espaços mais sagrados em uma casa de santo. Geralmente é um espaço simples sem mobilia, onde são processados fundamentos de iniciação, entre outros.
    Dentre dos muitos fundamentos executados dentro da Camarinha, o fundamento de iniciação, é o principal caminho, e é obrigatório para todas as pessoas que precisam se embrenhar nos mistérios do Santo.

    Sem passar pelos fundamentos de iniciação da Camarinha, nenhuma pessoa pode ser considera feita, ou iniciada no Santo.
Este é um grande segredo, pois somente quem passa pela Camarinha sabe pelo que passou, e nenhuma iniciação é igual a outra, mesmo que a pessoa esteja sendo iniciado para o mesmo Santo, que outras no mesmo barco.

Uma expressão é muito clara: 

"Quer saber do que eu sei, passe pelo que passei".
   
     Ao passar pela Camarinha mesmo que seja por um simples Bori, é ser aceito, como um filho da casa de Santo.
A Camarinha é o caminho pelo qual passaram e passam até hoje, todos os mais velhos e os mais novos de uma casa de Santo.



    O "temido" quartinho escuro, talvez seja temido por ser o lugar onde nos encontramos com nosso "eu" interior ou pelos comentários absurdos que se ouve.

Eu mesmo ouvi muitos absurdos antes de deparar-me com o "quartinho escuro".
..........é lá que você vai fazer o pacto com o diabo.......
é onde raspam sua cabeça e sacrifica um bode preto em cima de você, pra firmar o "pacto"........
....... é quando riscam o ponto de seu santo no chão e te raspa a cabeça, e ai você fica plantando bananeira em cima do ponto pra firmar o santo na cabeça.........
....te colocam dentro de um tambor cheio de dendê e mata um frango preto na sua cabeça......
Aff!!!, era tanta besteira que eu ouvia de pessoas sem nenhum conhecimento e dono de seus saberes.......

    Bom o fato é que, essas "besteiras" nos coloca com muitos "grilos na cabeça".
Por que somos humanos e como tais tememos o desconhecido e o que nos foge ao entendimento a primeira vista.



Bem vamos entender melhor.....
Desde a antiguidade todos os sacerdotes de muitas "Religiões", buscam o crescimento espiritual através de preceitos, conduta, alimentação.... busca o "Astral Superior" de várias maneiras afim de evoluir espiritualmente estar mais em contato com "Deus".

    Então o nosso corpo como diz a tradição Católica, é templo de Deus, o altar que guarda a vida o bem mais precioso de um Ser.
    E em nosso corpo temos várias glândulas que exercem varias funções, para manter o corpo saudável.
Uma dessas glândula é a Pineal, e sua função e secretar a Melatonina hormônio responsável pelo relógio biológico o sono e os ritmos do metabolismo do nosso corpo.

    Bem esta glândula já era bem conhecida la na antiga humanidade, época em que o seres humanos tinham mais fé nos "Deuses", digo nas coisas espirituais e eram guiados muitas vezes por lideres mais interessados em ganhos materiais e domínio das massas do que no "Poder dos Deuses".

Que ironia, na atualidade a chamada "Humanidade Moderna", não está muito diferente da "humanidade Antiga".
Será que são os mesmos que vem reencarnando....reencarnando... sem evoluir espiritualmente........

    A glândula Pineal secreta a melatonina, conhecido como o hormônio da escuridão. Este hormônio também é conhecido como o hormônio que desperta o contato da matéria com o espirito, quer dizer nos coloca mais próximos ao mundo espiritual.
E a melatonina é intensamente secretada a noite, longe da luz do dia.
    Mas porém existem várias coisas que nós ingerimos e com o passar do tempo a longo prazo diminuí esta glândula até mesmo petrifica neutralizando suas funções, muitas vezes é o motivo de pessoas idosas perderem o sono. 

Por isso muito dos Lideres Espirituais da antiguidade e da atualidade , tem algumas restrições alimentares.
Como por exemplo: 
Não ingerem a chamada água tratada por causa da adição de alguns produtos no tratamento da água, a bebida que eles bebem é feito sem esta água tratada e compram de fontes seguras, e por isso é muito caro.
Aqueles que hoje são chamados de orgânicos.
Estes produtos adicionados no tratamento da água reduz a glândula Pineal. Reduzindo o contato com a espiritualidade.

A pessoa quando está dentro da Camarinha para ser iniciado, é afastado da luz do dia mesmo a artificial, tendo como fonte de luz uma única vela no ambiente, justamente para proteger os olhos da pessoa da luz, para que a glândula pineal possa estar totalmente ativa o tempo todo, colocando assim a pessoa em contato constante com o mundo espiritual.



O temido quarto escuro, talvez fique mais "claro" para o entendimento das pessoas.
O escuro do quarto é necessário para nos revelar na escuridão, a luz que existe dentro de cada um de nós.
O Inkisse/Orixá que é a luz que nos guia pelos caminhos da espiritualidade.


                       NGUNSO, AXÉ MOJUBÁ A TODOS.













   

outubro 12, 2016

CHARUTOS. CIGARRILHAS. CIGARROS. CACHAÇA. BEBIDAS DESTILADAS.

                     Os "por quês" de cada dia......

   Entender este assunto, por quê Exu, essa entidade tão polêmica bebe e fuma temos que entender primeiramente o simbolismo e o significado do quê é cada um desses elementos.

Vamos falar um pouco desta divindade EXU.

    Exu é uma Divindade Africana trazida pelos escravos, assim Essa Divindade é tradicionalmente conhecida no nosso meio.
Mas é sabido por todos nós que, um dos principais fundamentos dessa Divindade é o Axé da dinâmica, isto é, dinamizar toda criação ou seja movimentar toda a vida seja ela qual for, se existe vida há o axé de Exu para que essa vida tenha continuidade. Ele é que faz todo movimento na natureza para propagação e expansão da vida como um todo.

A sua ferramenta de mão o Ogô traduz isto claramente.





    Diante disto não seria no mínimo estranho dizer que a Divindade Exu só veio para o Brasil com os negros africanos......
É fato que Exu é cultuado por nós, dentro da tradição e cultura de diversas partes do continente Africano.

    E em outros continentes como essa divindade que dinamiza toda a existência de vida realiza seu Axé?
Bom, o continente Africano hoje em dia é conhecido como a Origem da vida.
Estamos então cultuando essa Divindade na sua origem.

    Os Itans estórias contadas para entendermos os fundamentos de Santo, nos fala que Exu Divindade foi a Primeira forma de matéria individualizada a ser criada.
Isso nos leva ao inicio de toda a criação.
Quem de todos os seres humanos mais antigos que a História da Humanidade possa citar que existia nessa época, quando o primeiro ser humano foi criado.........


    Então, só e somente só e que nós só podemos conhecer as varias formas de manifestação dessa Divindade Exu em toda a natureza através Dele mesmo e dos conhecimentos passados por muitos anos por todos os mais Velhos que entendam dessa matéria.
Makuiu/mojuba a todos os ancestres e aos meus mais velhos.

   Eu comecei a entender um pouco dessa Divindade ha muitos anos quando recebi essa Entidade Exu, la na aurora da minha juventude.
E nessa época eu aprendi que Exu entidade era uma pessoa que por algum motivo ou momento em sua vida teve alguma ação significativa e quando morreu foi ser companheiro da Divindade Exu, e transformado em Exu Entidade para prestar ajuda as pessoas.




    Mas muitos dos fundamentos desta Divindade mostra que não é bem assim.

    Exu Divindade é o Inkisse/Orixá , que pode ser Feito em um Ori, quer dizer raspado katulado e pintado, em seus filhos descendentes.

    Exu Entidade não pode ser raspado katulado e pintado, e nem mesmo assentado em massa.
    
    Pode sim ser representado de alguma forma, mas nunca fixar seu axé em um ori ou assentamento.
Pelo simples fato de não ser uma Divindade, e sim um elemental que não possui descendência genérica individualizada e sim faz parte da Natureza como um todo.

    O Exu Entidade do meu avô de Santo já dizia isso aos Pais e Mães de Santo na sua época:
 " vocês não podem e nem conhecem elementos necessários para me assentar e mesmo se tivesse não caberia dentro de seus canzuá"

    Ele dizia isso por que, é impossível fundamentar toda a natureza e individualiza-la em um assentamento.
Exu Entidade é a natureza como um todo.
São chamados Elementais porque foram criados assim pela própria natureza.

    Bem uma Lenda da Divindade Exu diz que, Ele avia comido tudo que encontrou pela frente, inclusive sua própria mãe, e o pai desesperado empunhou uma espada e lançou-se sobre Exu cortando-o em pedaços, e cada pedaço da Divindade Exu se transformava em duas e estas duas em quatro e assim sucessivamente até que seus pedaços se espalharam por todos os nove espaços do Duílo/Orum.
E não tendo mais por onde fugir, Exu Divindade fez um pacto com seu pai, que Ele devolveria tudo que havia comido.

    Esse ato de devolver essas coisas simbolicamente comidas por Exu Divindade, esta simbolizada na elaba(fumo).
Isso quer dizer que o ato de Exu Divindade aceitar o fumo em suas oferendas é para que Exu Divindade aceite o ebó que lhe é ofertado e o devolva em forma de alguma coisa que por ventura a pessoa possa estar precisando e se for de sua vontade e o merecimento da pessoa.
O Exu Entidade fuma e bebe, mas nem todos.............
A fumaça do fumo serve para elevar os pedidos de seus protegido.

    A bebida das oferendas de Exu Divindade, que aqui no Brasil é a cachaça, está simbolizada no suor do nosso corpo.
Como a cachaça o nosso suor vem do aquecimento do movimento do corpo por algum trabalho executado seja ele qual for.
Melhor comparando, a cachaça é fabricada a partir da ebulição do bagaço da cana, que é colocada dentro do alambique para ferver, e aquele vapor(suor) que se acumula na parte superior e que vai escorrendo por um pingadouro, cujo suor(vapor) extraído da fervura do alambique é a cachaça ou PINGA. 

Aquela velha frase: 
" suei tanto para ter o que tenho".
Quer dizer " trabalhei tanto para ter o que tenho".
E é assim, que Exu trabalha a nosso favor nos dando oportunidade de trabalho para podermos crescer e evoluir.
Isso é porque Exu Divindade esta presente em nosso corpo, Ele nasce e morre conosco, e ninguém precisa do axé do Exu Entidade do outro para crescer e evoluir, pois cada um tem o seu.
Pois Exu Divindade/Entidade cada um tem o seu, pois Ele é o remédio que Zambi/Olorum colocou dentro de cada um de nós, basta tomarmos  a doze certa.




                              NGUNSU, AXÉ, MOJUBÁ.

outubro 11, 2016

SAIAS ENGOMADAS - QUEBRA GOMA - SAIAS DE RAÇÃO - SAIAS DE FESTAS

     As saias bem rodadas, curtas, longas engomadas que as filhas de santo usam na sala, não é apenas para satisfazer a vaidade feminina, mas tem conhecimentos e fundamentos próprios, como tudo no Santo, tem um porque.

     Para cada Inkisse/Orixá, tem um tipo forma e tamanho para se confeccionar Saias.
     Tradicionalmente todos os Santos paramentados usam Saias, isto é para mostrar que na tradição do Santo não existe diferenças de gênero, dessa forma a superioridade masculina ou feminina não sobrepõe a outra, pois todas são extremamente importantes para o equilíbrio e a continuidade da vida, que é o foco principal e fundamental para o Santo.

     Tradicionalmente as roupas usadas no candomblé implica diferenças de idade iniciática cargos e fundamentos específico para o uso.

     Para Santos femininos, saias bem rodadas e compridas.Para santos masculinos, saias com pouca roda e curtas.

     As saias femininas geralmente são confeccionadas com 6 metros de roda, e as masculinas com 3 a 4 metros de roda.
Diferenciadas por longas e curtas, as femininas são saias e as masculinas saiotes.

     As saias engomadas normalmente tem o mesmo tamanho e quantidade de tecido que tem as chamadas saias de festas.
A saias engomadas preferencialmente são de algum tecido de algodão e não é somente para sustentar ou abrir a roda da saia de festa.
Existe fundamento para se fazer uma saia de goma e este fundamento está no preparo desta goma.

     O amido de milho, que é um produto do milho branco conhecido no nosso meio como canjica branca, comida votiva do Inkisse/Orixá Lemba/Oxalá, é um dos principais ingredientes.
O amido da araruta também é usada como um dos principais ingredientes para se fazer a goma, mas hoje quase não é usada por não encontrar tão facilmente no mercado.
A araruta é um planta leguminosa de onde se extrai o amido ou a fécula para fazer a goma.
É uma planta votiva do Inkisse/Orixá Zumba/Nanã.

     Quem nunca tomou um banho de água de ebô/canjica?
pois então, aquela água que deixa nossos cabelos e pele engomados.....
Esta água de ebô, é simbolo do branco e como tal simboliza o axé ancestral masculino e feminino,
E a goma nada mais é do que esta água de ebô, só que um pouco mais densa grossa.
E é dessa forma que engomamos as saias, as anáguas engomadas.

     Quando um Inkisse/Orixá como Matamba/Inhansã roda suas saias engomadas para a direita Ela invoca o poder ancestral masculino, se para a esquerda Ela invoca o poder ancestral feminino.

     Samba Kalunga/Yemanjá, Zumba/Nanã e Lemba/Oxalufã, também usam estas saias bem engomadas, guardando por baixo da saia de festa o poder ancestral masculino e feminino que Estes Inkisses/Orixás dominam e guardam em seus domínios.

     Em comparação com o culto de Baba Egum, que tem suas vestimentas coloridas, e por baixo delas guardam o segredo do ancestral que ali se apresenta, assim também são as chamadas saias de cima ou saias de festas dos Inkisse/Orixás, que guardam o poder ancestral masculino e feminino representados no fundamento das anáguas engomadas.

     As Saias de cima ou Saias de festas, são confeccionadas de acordo com o Inkisse/Orixá que vai usar.
Como já mencionado neste texto, os Santos femininos usam Saias bem rodadas e bem longas, neste caso; 
Matamba/Inhansã, Samba Kalunga/Yemanjá, Zumba/ Nanã e Danda Lunda/Oxum, sempre bem rodadas e bem longas.

A Saia de Matamba/ Inhansã e Samba Kalunga/Yemanjá, devem ser bem longas e de tecidos leves.
Uma para simbolizar o movimento do vento soprando a superfície das águas ou da terra e guiando os eguns que são seus filhos.
A outra para simbolizar o movimento leve e constate das águas doce e salgadas.
Mas em movimento mais rápido uma pode mostrar  o poder do vento de arrastar tudo por onde passa.
E a outra o poder que as ondas tem de invadir tudo a seu redor.

     Mas Zumba/Nanã e Lemba/Oxalufã preferem reter o poder ancestral simbolizado em suas anáguas engomadas, mostrando que querem seus "filhos" por perto.

     De um modo geral os Inkisses/Orixás femininos usam sais longas e com seis metros de roda, da altura da cintura até um pouco abaixo dos tornozelos.
     Para o Inkisse/Orixá Angorõ/Angoromeia/Oxumarê as saias são da altura da cintura até o meio da canela, pois este Inkisse/Orixá é inteiramente feminino em uma de suas manifestações e inteiramente masculino em outra.

     Para os Inkisses/Orixás masculinos o comprimento vai da cintura até quatro dedos abaixo do joelho e usam calçolão e alguns, estilo bombachas.

     As Saias chamadas comumente de saia de ração, teve este nome "ração" modificado.
Estas Saias são representação da rede de arrastão, usadas por pescadores, para pescar maiores quantidades de peixes.
Isso para o fundamento das Saias usadas nas casas de Santo tem um simbolismo muito grande.
Significando que as Mães trazem seus filhos simbolizados pelos peixes sempre a seu redor, o dito debaixo da Saia da mãe.
São Saias normalmente usadas no dia a dia das casas de Santo para tudo que as mulheres vão fazer.









            NGUNSO, AXÉ E MOJUBA AO PODER FEMININO










agosto 29, 2016

OGUM XEROQUÊ - OGUM DE RONDA - ROXI BIOLÊ - INCOSSI MAVANBO

    Falar desta divindade para mim é um grande privilégio, pois é uma divindade muito conhecida no meio do povo de Santo.

    Muitas são as lendas que envolvem este Inkissi (orixá).
Uma delas diz que:

    Ogum filho de Yemanjá, violentou sua própria mãe, e como castigo Olorum o “rebaixou” na condição de Exu.
Como se rebaixar Ogum, um Orixá para a condição de Exu fosse uma punição, colocando Exu como algo ruim, coisa do mal de péssima índole é como se Exu fosse uma divindade menor que o Orixá Ogum.

    Para os leigos da matéria, é como se Ogum transformado em Exu, se transformasse em uma coisa horrenda.
Só que não é bem assim.




OGUM



Essa lenda nos explica claramente como o Orixá Exu, em uma de suas múltiplas funções, consegue transformar uma atitude ruim em positiva.
Transforma o mau em bom.
Transforma o que inútil em útil.
Transformar o difícil em fácil.
Entre muitas outras funções.
Exu pode ser o veneno ou o remédio para nós, só depende da dosagem.
Depende da maneira de como usufruímos de um poder de realização tão imensurável, que não se pode medir, sem começo e nem fim, simbolizado pela esfera.

Voltando a lenda.
Ogum (o ferro bruto), nós não conseguimos modelar, mas se o forjarmos elevarmos o ferro eu alta temperatura, nós conseguiremos dar a forma e utilidade que quisermos.
Exu ai então é simbolizado pelo fogo, que transforma o ferro (Ogum), em algo melhor.
Ele (Ogum), não deixou de ser ferro apesar de passar pela transformação permitida pelo fogo (Exu).

Apenas foi transformado em algo melhor.
Exu nessa lenda de Ogum é o transformador, aquele que transformou a atitude de mau “filho” que Ogum assumiu, em algo benéfico.



FERRO SENDO MODELADO



FERRO TRANSFORMADO



Pois nessa mesma lenda conta-se que a Mãe de Ogum, Yemanjá, tanto chorou pela atitude do filho que de suas lágrimas se formou o mar.
Não o mar (oceano), mas o mar onde nós podemos nos banhar sem nos afogar nas profundezas do oceano (kalunga).
O mar com suas ondas que empurra para fora de suas águas o que não deseja, é simbolicamente a atitude de Yemanjá (Ogunté – kunkuêtu), empurrando para longe de si a atitude do filho (Ogum).
As ondas do mar é como se Samba Kalunga (Yemanjá), o oceano chorasse eternamente pela má atitude do mau filho. 
As ondas são suas lágrima.


São muitas as lendas que se refere ao orixá Ogum, e muitas delas Ogum tem atitudes irascíveis, e esse comportamento de Ogum o aproxima a todo o tempo de Exu o transformador.
Em muitas dessas lendas eles se confundem entre si.
Onde está um, está o outro, companheiros inseparáveis, vivem juntos nas estradas pelos caminhos, comem juntos.

Esse companheirismo é tão forte que Ogum representa exu em muitos fundamentos e vice versa.
Não se inicia filhos de Exu sem a presença de Ogum, pois em alguns desses fundamentos de iniciação Ogum substitui Exu.
Então Ogum/Exu são tão íntimos a ponto de se confundirem, mas Ogum é Ogum Exu é Exu.






São energias completamente diferentes.
Não se faz Exu em filhos de Ogum, pois a energia de exu poderia ultrapassar a energia pessoal do filho causando muito transtorno até mesmo a morte.




Ogum Xeroquê, Ogum de Ronda, Roxi Biolê e Incossi Mavanbo, essas divindades não são Ogum e Exu ou divindades duplas, como se diz santo Metá, mas uma única divindade.
É como falei no inicio;
Ogum (o ferro) elevado a altas temperaturas se torna maleável e é modelado, em formas de objetos que melhoram a vida, mas Ele Ogum (o ferro), não deixou de ser ferro, é a mesma natureza transformada.

Então podemos dizer que:
Todos os objetos de ferro utilizados por nós é a ação de Exu o transformador, tornando a vida no mundo para nós seres humano mais fácil.


Primeiras ferramentas modeladas em ferro na idade do ferro


Talvez por isso Ogum Xeroquê é conhecido pelos antigos sacerdotes da nação Angola como a “chave de ouro”, aquele que nos ensina a sermos  pessoas melhores e a caminhar com dignidade na vida.
É a Ele que, pedimos ajuda quando alguém está em maus caminhos.
É a Ele que pedimos para transformar a má ação das pessoas contra nós, em prosperidades a nosso favor.
É Ele que, assentamos nas entradas de nossas casas de santo para nos guardar das coisas ruins.
Ele nós encontramos nas estradas de ferro que se cruzam com as estradas de terra.







                          PEMBELÊ INCOSSI MAVAMBO 







maio 09, 2016

TIRRINAS - CABAÇAS - PANELAS DE BARRO - ALGUIDARES - GAMELAS - CONTINENTES E CONTEÚDOS

    Simbolicamente a terra é uma cabaça, inteira que quando sancionada, dividida em seu cumprimento em partes iguais representam dois lados feminino e masculino.





    A parte superior simboliza o céu(orum), o espaço sagrado que contém todos as divindades e entidades. É o lado invisível que não podemos ver nem tocar mas sentir. Onde Olorum(Zambi), é o criador e Divindade máxima. A cor que simboliza o mundo espiritual é o branco, símbolo do masculino e do feminino sagrado. Nenhum ser que encarnado na matéria pode tocar, mas sim ser tocado por Ele. O branco é o símbolo do orum, imaculado.


    A parte inferior simboliza a terra Mãe o lado feminino o grande útero, que contem toda a vida material, cujo poder de gerar vidas é extremamente importante, e sem esse poder nada pode ser ou existir, onde as mães ancestrais tem o seu poder máximo. A cor que representa a terra, a cabaça "inferior" é o preto e o vermelho. Cores que simboliza o que está oculto, o que é secreto, e de grande poder de expansão e crescimento. Toda a vida material é dependente desse axé, que realiza a vida e ao mesmo tempo a morte a restituição ao grande útero.




    Em nossa Religião e muitas outras existem vários objetos que representam simbolicamente as duas cabaças que são parte de uma única, e que tem a mesma importância e poder.

    Dentre muitos objetos que compõem os assentamentos das Divindades e entidades, vamos falar de cada uma delas separadamente para melhor entendimento e compreensão. 

    A  cabaça/tirrina/panelas de barro/gamelas, são símbolos da grande cabaça, que representam Orum/Ayê, céu e terra. Compondo um ibá(assentamento), contem simbolicamente elementos que fazem parte de seu conteúdo de acordo com a Divindade a ser ali representada.

     Há vários objetos(benguê) contidos dentro delas, mas o Otá pedra fundamental é comum a todas, e também de acordo com a Divindade a ser cultuada.

    A tampa, a parte superior destes objetos, representa o Orum(céu), e a parte de baixo panela/tirinas/cabaças e gamelas, representam o Ayê(terra).





    Os assentamentos que Simbolizam Oxalá, as Yabás e Xangô, possuem simbolicamente esses objetos, sejam tirrinas com tampa ou gamelas.

    Já os orixás Exu, Ogum, Oxossi, Ossanhe, Tempo e Logum, seus assentamentos são em alguidares, que representam a parte inferior da cabaça, são Divindades que seu poder de realização esta vinculado a terra o Grande Útero. Mas os conteúdos de seus assentamentos em alguidares tem em comum o Otá a pedra fundamental, que representa o Divindade a ser ali Cultuada.





    Todos estes objetos; panelas de barro/tirrinas/cabaças, gamelas e alguidares, fazendo parte de um um assentamento(ibá), contem em comum o otá a pedra fundamental.

    O otá não é, um pedaço de pedra, mas sim um objeto completo, que de acordo com a Divindade a ser cultuada, este Otá tem um lugar especifico na natureza para ser colhido, e fundamentos próprios para sacralizá-los.

    Os Otás representam um axé ancestral que está ali dentro, para ser acordado despertado através do ritual.


    O otá, dentro dos assentamentos que os cotem, representam uma vida, e que deve ser mantida e alimentada.
Determinados líquidos, fluídos e fundamentos tem o axé necessário pra mante-las vivas.

    Quando vamos reunir objetos para compor o assentamento de Todas as divindades e Entidades esses conhecimentos devem ser observados cuidadosamente para não corrermos o risco de pensar que estamos assentando uma determinada Divindade e estarmos assentando outra.





         "SOMOS PARTES DE UMA MESMA CABAÇA"



maio 04, 2016

OBA - KARAMOCE - O ORIXÁ DO MOVIMENTO DAS ÁGUAS.

    Obá, a deusa guerreira que é conhecida como Orixá bélico, senhora das armas, implacável senhora que habita as águas agitadas, dos rios, cachoeira e mares. 
Muitos dizem que este Orixá é uma mistura(pajubá/milonga), de vários outros Orixás. É o único Orixá feminino que carrega um escudo redondo símbolo do feminino.
      Este orixá é conhecida no Angola como,  Karamoce e como Orixá Yorubano tem fundamentos muito restritos e quase desconhecido assim como Karamoce no Angola.
Esse Orixá muito confundido com as outras Yabás, é um Orixá único de fundamentos próprios.






Outros dizem que Obá é o lado feminino de Xangô(Zazi).
Obá(Karamoce) é o Orixá que representa a coletivamente do poder ancestral feminino.
E Xangô(Zazi), é a representação coletiva de todos os ancestrais masculino.
Talvez seja por isso que Obá e Xangô, sejam confundido como se um fosse o lado masculino/feminino um do outro.

Obá se paramenta com espada, escudo, odé mata e coroa com filá. 
Suas cores é a cor abóbora e suas tonalidades. 
Se mais claro se aproxima do amarelo de Oxum(Dandalunda). 
Se mais escuro se aproxima do vermelho de Inhasãn(Matamba).
Por usar o odé mata a aproximam de Oxossi(Mutacalambo).
O metal para suas ferramentas é o bronze, que é a mistura do cobre com o metal amarelo.
Diante destas características que Obá se apresenta fica mesmo difícil não confundi-la com outros Orixás.

Obá(Karamoce), rege o ciclo de expulsão  menstrual, axé que hoje em dia foi agregado aos fundamentos de Oxum(Dandalunda).
Por ser um Orixá(Inkissi) que simboliza o axé ancestral feminino, expulsar o sangue morto sem vida do ciclo menstrual, é tornar o útero limpo de impurezas para que esteja pronto para gerar vidas, que é o maior axé feminino.

Uma de suas cantigas fala claramente sobre isso.

bodô, bodô ajé mi sobá, ejé omi orô.
bodô, bodô aje mi sobá, ejé omi orô.
obáim, xorô ejé omi orô.
obáim, xorô ejé omi orô.



Obá é o vigor físico feminino, o poder ancestral transformador, está em seu axé, dar continuidade a gestação, tornando o corpo da mãe forte para que possa gerar e no momento certo impulsionar os músculos para expulsar o filho para fora.
Mãe que impulsiona seus filhos pra frente para o progresso.

Obá é o orixá que mantem o movimento constante das águas doce.
Sua saudação é:
Obá xirê omi   -    Rainha que movimenta as águas.


Os assentamentos de Obá(Karamoce) são feitos em gamelas redondas de madeira podem conter ou não pratos de cobre e ou louça branca com tirina para conter seus axés.
Seu otá, pedra fundamental é colhido em  algum ponto do rio onde as águas se apresentam com maior movimento.








As enchentes, o fenômeno das pororocas dos rios são domínio deste Orixá, quando as águas do rio transbordam, é com este movimento, que Obá(Karamoce) limpa os rios e seus leitos deixando-o pronta e renovado para gerar vidas, é como a expulsão do sangue menstrual.




POROROCAS


                                         OBÁ XIRÊ OMI.






maio 02, 2016

OYÁ - INHASÃN - MATAMBA

Talvez Inhasãn seja uma dos orixás mais adorados do candomblé.

    É um orixá ligado ao movimento, a terra, ao ar, ao fogo e a água.
Esta ligada aos quatro elementos.
É um orixá que quando se manifesta, encanta a todos.
Tem fundamentos com todos os orixás.
Para muitos é orixá dos ventos calmos ou tempestuosos.
Está estritamente ligada a morte e aos ancestrais.
Ela Inhasãn em sua forma de vento, pode tocar tudo, esta presente nas águas, nas matas, na terra, no fogo.

No culto da divindade Egungum é adorada, como a rainha de todos Eles.
Para os sacerdotes deste culto Ela é muito mais que uma rainha, é o axé primordial do culto a Egungum, pois nesse culto Egungum é o próprio vento.





É Ela que, transporta o ar Emi, soprado por Olorum para dar vida aos seres vivos, e o leva de volta a Olorum quando essa vida se desfaz. 
Uma cantiga fala exatamente sobre isso.

" Oyá, Oyá, oia ê,
Oya Matamba de Cacurucai, 
Oyá zinguê.
Oyá, Oyá, oia ê,
Oya Matamba de Cacurucai, 
Oyá zinguê ô"

Entendimento:  "Senhora do vento de oxalá,                                                                 que chega cedo ao amanhecer
                    Ô senhora, não chegue cedo para mim."
                      (Que a morte não nos chegue cedo)

                 Oyá=senhora
                 cacurucai=Oxalá 
                  zinguê=amanhecer, de manhã     
                  matamba=vento(Emì)

                                     
A palavra Emì/Emí tem dois significados, tanto pode ser Emì, alma sentimento como Emí, hálito divino.
Quando se trata de Emí, o Hálito de Olorum, que representa a parte de vida que Olorum nos deus para sermos seres viventes e animados ou seja nosso Próprio Orixá, Ela Oyá o transporta diretamente a Olorum.






Mas quando se trata do Emì, alma sentimento, esse Emì fica na matéria como um todo, quer dizer na terra entre seus ancestrais familiares, é o que chamamos de antepassados.

Todos esses "Emì" de todos os antepassados que já morreram desde o primeiro antepassado do homem até nos dias de hoje, formam a grande massa que nós conhecemos como vento que Oyá governa.
Por isso no culto Egungum, o vento é considerado Egum.
Inhasãn dona do movimento, transporta todos os Eguns.

No axexé ou mucondo, quando a alma(Emí) de um antepassado é invocado, é Inhasãn que o traz, e Omolu(kavungo) o faz manifestar sem o odor do corpo apodrecido , pois o local ficaria com cheiro insuportável.
Quando é terminado o axexé, se faz um sacudimento de folhas, para movimentar o ar para que Inhasãn possa levar de volta o egum(Emí).
Esse movimento de bater folhas assim como varrer tem o significado de limpeza, simbolicamente, movimentando o ar(vento), e afastando energias negativas.






                                "EPAHREI OYÁ"