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outubro 24, 2017

O USO DO OJÁ ( Muhénge) E SEUS SIGNIFICADOS

   

    Entendendo o uso do Ojá ou Muhénge(kibundo)

      
      Para estendermos o Ojá, que não é um pano de cabeça qualquer, precisamos nos remeter aos fundamentos do Alá ou múlele (kibundo).
      Tradicionalmente, o Alá (múlele), é o grande pano branco de Lemba (oxalá), e seu significado está simbolizado no elemento ar que envolve tudo, os segredos da nascimento e morte, assim  sendo o Ojá também tem este significado.
      Debaixo do Ojá se guarda os segredos contidos nos elementos depositados no Ori(mutuê) quando em fundamento, elementos ali depositados e combinados formam uma força positiva para o equilíbrio pessoal, alimentando assim o ngunso(axé) contido em cada Ori.
      Nesse sentido o Ojá se equipara ao Alá representação do poder de Lemba e dos antepassados e ancestrais, pois como se diz:  Lemba(Oxalá) cobre tudo e todos.

   Por outro lado, em sua forma estética o Ojá nos, traduz o Inkise Amgorô. Por ser uma tira de tecido comprida, lembrando as "fitas"(cobras de Angorô).

   O Ojá quando em uso nos dias de festa, se apresenta nas mais variadas cores e tecidos, mas de uma mesma forma, um tira de tecido longo e largo que envolve a cabeça das pessoas. Novamente nos remete ao Inkise Angorô, responsável pelas cores existentes na natureza. Mas não somente por isto, esse Inkise, é o que promove o equilíbrio, representado na cobra que envolve a terra impedindo que se desintegre, assim também o Ojá envolvido ao ori(mutuê), lhe proporciona o equilíbrio, como dizem as antigas Mães; o ori deve estar sempre em equilibrio protegido pelo Ojá.  


      Então podemos dizer que:       O Ojá ou muhénge (kibundo), guarda o destino pessoal contido em cada Ori e o seu equilíbrio. Pois sem uma cabeça equilibrada não podemos cumprir nosso destino pessoal e como consequência ter uma vida sem sentido.

      O Ojá (muhénge), não é um pano qualquer ou um simples enfeite de cabeça, mas um objeto sagrado que contem seus fundamentos, e sim pode e deve ser usados em público  por todos, homens e mulheres, depende do gosto de cada um, embora todos sem exceção o use em fundamentos.

setembro 14, 2017

JUNHO O MÊS DE PAMBU NJILA EXU

         A casa WAANA KAVUNGO comemora no mês de junho a Divindade Pambu Njila, divindade bantu, que nos ensina como viver nesse mundo de uma forma muito peculiar.

          Pambu Nizila divindade tão necessária para todos, e que possui tanta flexibilidade em lidar com o homem, convive dia a dia com todos nós que nos conhece melhor que nós mesmos.
         
          Esta divindade convive conosco desde quando o nosso corpo é formado dentro da cabaça útero de nossas genitoras, é a ligação entre nós descendentes filhos, nossos ancestrais e Zambe Apungo, como uma conexão que nos liga diretamente a Zambe, de acordo com nossa origem ancestral. É como se Zambe o tivesse colocado em nós como um contato direto a Ele, para nos conhecer e para que reconheçamos em nós, a presença de Zambe através de Pambu Njila.

          Para este ano em nossas comemorações a esta Divindade tão importante, a palavra é JIKULAMESU ou como dizem JANGURAMESU.


    " Jikulamesu quer dizer abra os olhos, ou fique de olho".

        Exu nos pede que agente se observe mais, reveja nossas ações, que abramos os olhos para enxergar a nós mesmo, que nos reconheçamos como somos, para que possamos enxergar os nossos defeitos corrigi-los e valorizarmos as nossas qualidades, para sermos pessoas ainda melhores, conscientes do que somos.
       Pois desta formas seremos capazes de crescer material e espiritualmente.  




                       JIKULAMESU A TODOS.
  


maio 02, 2017

KAMBONDOS OGANS

    Quando nos referimos ao Kambondo ou Ogã, certamente direcionamos nosso pensamento aos atabaques, pois aprendemos que  eles estão relacionados e intimamente ligados, mas por que?

      Esta explicação vem desde os remotos tempos do período da escravidão, quando os Bantos escravizados chegaram ao país colônia e encontraram aqui os Povos Indígenas e reconheceram Neles os verdadeiros donos da Terra.
    Tanto  os Bantos quanto os Indígenas, se encontravam invadidos em seus costumes suas crenças suas Cultura. Uns escravizados trazidos do outro lado do Atlântico e os outros subjugados e invadidos em sua própria terra.

    Mas como  estavam em terra alheia,  e por muito tempo escravizado, os Bantos buscaram a adaptação junto aos Indígenas, buscando retomar sua integridade física moral e ética e principalmente sua cultura sua Religião Ao seu Deus Nzanbe, uma forma de confortar sua alma sofrida e de voltar à sua longínqua terra Mãe através de seus Mikises e seus Bakulus(ancestrais).

     
    A maneira dos Juremeiros(culto a Jurema), sacralizarem seus ancestrais em troncos de árvores sagradas ou na própria árvore, que no caso é a Jurema, se associa plenamente aos rituais que os Bantos cultuam seus ancestrais através da árvore africana Malemba ou Imbondo.
    O culto a Jurema é um a forma que os descendentes dos antigos Indígenas tem de cultuarem seus antepassados, Grandes Chefes, Caciques, Pajés, Guerreiros, Caçadores entre outros, reafirmando em seus rituais de iniciação a Jurema a presença viva de seus antepassados os chamados Mestres e Mestras Juremeiros. 

EM REVERENCIA A:

    Seu Cobra Coral, Seu Pedra Preta, Seu Arranca Toco rei Gentil de Guiné, Seu Sete Cachoeiras, Seu Cambuacy, a Cabocla Jupira, Seu Mata Virgem, Seu Folha Amarela, Seu Pena Branca, Meu Pai Boiadeiro Gibão de Couro mestiço Banto índio e a tantos outros Bakulus que fazem parte da minha família de Santo e de tantas outras.

PEÇO A BENÇÃO DE TODOS.

    No Candomblé Banto Angola temos a tradição de que, quem confirma Kambondos(Ogãs) são nossos Caboclos, pois para os rituais de consagração de Kambondos não se faz no "puro", quer dizer sem estar incorporado por um Bakulu que nesse caso sempre é um Caboclo, ancestral Indígena que representa o dono(ancestral) da terra, para onde os Bantos foram trazidos, terra alheia cujos donos são os antigos Indígenas que habitavam nossa terra a milhares de anos antes dos colonizadores.

    A palavra Kambondo vem de duas palavras africanas;

Kamba   -  Amigo, companheiro, quem zela cuida de algo.
Imbondo - árvore sagrada símbolo da terra africana, cultuada como grande ancestral.

     Kambondo quer dizer, aquele que pessoalmente cuida e é cuidado pelo Ancestral Mikise ou Bakulu, é como se a presença do Kambondo confirmado a,  fosse a representação do Próprio ancestral, Mikise ou Bakulu. Um guardião que cuida que zela por manter a tradição Ancestral viva.
      Um Kambondo sempre é confirmado no "puro" sem incorporação, ora Kambondos não dormem(incorporam), pois como um ancestral nunca dorme, está sempre em alerta.
     A relação dos Kambondos com os atabaques(Ingomas), está associado aos ancestrais através da madeira retirada das árvores cujo corpo das Ingomas são confeccionados. No Candomblé a árvore africana Imbondo foi sincretizada na árvore Gameleira, geralmente sacralizado ao Inkise Tempo patrono do Candomblé angola. 
     A árvore Gameleira é também a representação dos Bakulus ancestrais Indígenas, pois ele sempre viveram em constante contato com o Tempo.

    Desta maneira os Bantos puderam reafirmar sua Religião e sua cultura, buscando na cultura Indígena uma forma de representar seus antepassados. Já que seus antepassados e seus Mikises estavam presentes em seu próprio corpo, mas com o sofrimento da escravidão poderia perder a vida e seus corpos mortos não poderiam mais ser a moradia de seus Mikises.

      A confirmação dos Kambondos feita pelos Ancestrais donos da terra os Caboclos, só vem reafirmar a ligação dos rituais Bantos com os rituais dos antigos Indígenas que aqui habitavam na época do País colônia, como se fosse uma forma que os Bakulus(ancestrais indígenas) tivessem de "espiar", estarem presentes e sua cultura sobreviver também nos rituais Bantos que é uma Religião voltada aos ancestrais e antepassados.



                                     PEMBELÊ BAKULUS
              
                                     MAKUIU A TODOS OS
  
                       PEQUENOS BAOBÁS OS KAMBONDOS

    

abril 12, 2017

O SACRIFÍCIO ANIMAL DO NOSSO DIA A DIA


     Entender a sacralização animal, é essencial para o equilíbrio do Ngunso(axé) de uma casa de Santo.

               O QUE É O SACRIFÍCIO ANIMAL?

    Quando falamos sobre este assunto, nossos pensamentos se voltam para os; karambôro(frango), a sanji(galinha), os engure(caprinos) e o dienbê(pombo), que normalmente são os mais sacralizados em fundamentos de Santo.

               Mais o que realmente é o sacrifício animal?

    " Será que, uma muzenza(yaô), ao passar por uma iniciação de vinte e um dias não seria um sacrifício" ?

     " Será que, um Tata ou Mam´etu de Inkisse, ao dedicar sua vida a cuidar e selar de uma casa de Santo, não é um sacrifício" ?

     " Será que todos os filhos de Santo, ao dedicarem seu tempo disponível para o Santo, não é um sacrifício"?

      " Será que, o sacrifício animal é exclusivamente imolar um animal, tirar-lhe a vida"?

      "Viver e crer o Candomblé, não seria um grande sacrifício"?

     Nós "seres humanos" também não somos animais, também não somos sacrificados em função do "outro" todos os dias.

      Há Pais que digam, que se sacrificar pelos filhos, é um prazer e uma obrigação gratificante. Eu mesmo sinto isto.

      Há profissionais que dizem, que se sacrificar pela carreira/profissão e prazeroso.

     Há Pais e Mães de Santo que dizem, não ser sacrifício algum dedicar toda a vida ao Candomblé. 

     E nós não vivemos em sacrifício constante pelo "Outro".
E isso não é um sentido de comunidade, lutar(sacrificar-se), pelos interesses de todos.

    Segundo a tradição católica mais presente no nosso País, Deus não mandou seu próprio filho como ser humano(animal), para ser sacrificado pelo seu povo?

     Bem, existem vários tipos de sacrifícios a que nós nos submetemos todos os dias. Depois de cada sacrifício que fazemos dia a dia, não nos sentimos satisfeitos, realizados em paz conosco?

     Então sacrifício não é um ato cruel maléfico, se assim fosse a humanidade não teria chegado ao estágio de evolução que temos hoje, e isso graças ao sacrifício de cada um desde o inicio dos tempos.

      Devemos entender que nós não somos totalmente independentes um do outro. E quando digo um do outro falo de nós seres animais racionais ou não, convivendo lado a lado com a natureza como um todo.

     O mundo é composto de seres vivos animados ou não, racionais ou não e estamos todos ligados e dependentes um do outro.

     Nós que vivemos o Candomblé temos consciência de que, não somos sós no mundo mas fazemos parte de um todo e estamos diretamente ou indiretamente ligados uns aos outros e toda a natureza onde habita forças naturais e cósmicas que nos mantem vivos.

     O candomblé é uma religião de sacralização a natureza, tudo o que fazemos em nossos rituais é em homenagem e agradecimento a natureza e suas forças. Quando processamos a iniciação individual de um determinado Inkisse(Orixá) em um Mutuê(ori), nada mais é do que equilibrar parte da natureza que está no mutu(corpo) do filho, para que ele conheça qual parte da natureza da qual foi gerado, para que a pessoa possa aprender a respeitar a natureza como um todo e sua parte individualizada em si mesmo, desta forma harmônica com a natureza contida em seu corpo, essa pessoa terá uma vida plena, aprendendo a realçar suas qualidades e equilibrar seus defeitos, em prol de si mesmo e em expansão com o mundo. 

                             NGUNSO E GUNSO A TODOS  !!!!        

março 07, 2017

PARAMENTOS SAÍDAS DE BRANCO SAÍDA DE CHITA

    Os  Inkises/Orixás, no candomblé, são paramentados com roupas que seguem os moldes da antiga confecção europeia, do tempo da colonização. Das cortes Portuguesa, Espanhola e Francesa no Brasil.
    As roupas das Rainhas, Condessas, Princesas e até de serviçais, eram bem diferentes das roupas usadas pelos Africanos que aqui chegaram no brasil.
    Quando o candomblé foi "instituído" no Brasil, essas confecções Europeias foram incorporadas a confecção de roupas para os Orixás, e servem até hoje para paramentar os Inkises/Orixás. Isso se deve a Fé e Crença que existe entre nós "povo de Santo", para o nosso entendimento, damos o que há de melhor para o Santo, dentro das possibilidades de cada um. 
    Como as roupas dos africanos daquela época eram de confecção simples, então teve-se a ideia de paramentar os Inkises/Orixás ao estilo das confecções Européia. Para um bom observador, ainda podemos ver muitos traços dessas confecções até nos dias de hoje.

    As pessoas em transe com seu Orixá paramentado, nos remete a ideia de estarmos vendo pessoas de grande importância, de grande destaque ou que possua algum titulo de nobreza em contra partida se vermos a mesma pessoa em transe do Orixá paramentado para uma saída de iniciação, veremos apenas pessoas comuns da comunidade. Isso é para diferenciar nós simples mortais dos Inkises/Orixás. 
    Em comparação, somos muito pequenos perante o Orixá, mas ao mesmo tempo de grande valor.

    Quando esta confecção Européia foi incorporada aos paramentos de Santo, se misturou aos fundamentos de cada Inkisse/Orixá. Por isso vemos por ai, Samba kalunga/Yemanjá, paramentada de lamê prata(sangue branco mineral). Inkossi/Ogum, vestido lamê azul metalizado(sangue preto mineral), e assim a cada um foi incorporado em seus paramentos com tecidos "ricos"  os seus fundamentos.

    Quando se trata apenas de um(a) muzenza/yaô, quando se apresenta na sala em suas saídas de iniciação, suas roupas são mais simples mas, sem deixar de identificar o Inkise/Orixá para quem está sendo iniciado.
    




     Um Yaô/Muzenza  quando sai na sala em transe de seu Santo, numa saída de branco(tecido simples de algodão), ela esta totalmente paramentada de branco e até mesmo sua pintura corporal é branca. Só o Egam que envolve seu Mutuê/Ori totalmente raspado sem o Mukunãn(cabelo) e com a pena Ekudidé, é colorida. Essa apresentação de uma muzenza na sala, é uma reverencia aos seus ancestrais, a Lemba/Oxalá a Tempo patrono dos Angoleiros e ao Mutuê seu ori. É a primeira saída porque representa seu inicio sua origem ancestral. Nesse momento o Yaô/Muzenza esta protegida pelos seus ancestrais, pois o tempo todo que o noviço esta na sala, tem sempre alguém soprando sobre ele e em seu caminho a Pemba, proteção contra energias ruins. 

    Se este Yaô/Muzenza sai na sala em transe de seu Santo em uma saída de chita(roupa estampada, tecido simples de algodão), a chamada saída de sarapokã, ele esta devidamente paramentada com sua roupa estampada, listrada(horizontal ou vertical) ou até mesmo xadrez e com o Egam e a pena colorida em torno de seu Mutuê/Ori totalmente raspado. E seu corpo esta pintado com as três cores, azul, vermelho e branco, que são as cores básicas usadas no candomblé para definir expansão e crescimento ou as três pessoas da Santíssima trindade, Lemba/Zumba/Exu. Nessa saída de chita não se vê o "soprar a pemba", porque o Yaô/Muzenza tem outras formas de proteção e defesa, que está devidamente representada na roupa que veste.



    
    Como uma rede de pesca usada para pegar peixes ou uma grade de janela que usamos para proteção, ou mesmo uma tela para cercas, a estampa sobre um tecido branco ou colorido tem o mesmo sentido de proteção e defesa para o Yaô/Muzenza em suas roupas estampadas. Serve para proteção e defesa contra possíveis energias negativas que por acaso esteja no ambiente, afinal nesse período o Yaô/Muzenza está totalmente receptível a toda a energia boa ou má.

    Como podemos observar, não é tão simples assim, não basta comprar um tecido estampado/listrado/lamês e brocados para confeccionar as roupas de santo, tem que ter um minimo de conhecimento e principalmente sabedoria na hora de escolher estes tecidos e a forma de confecciona-los.

    

     
     

março 03, 2017

COMIDA DE SANTO COMIDA DE BRANCO

    Usualmente, comida de Santo é o nome que se dá a qualquer oferta de grãos, farinhas, frutos, verduras, raízes/tubérculos, óleos, sais, elementos da água doce/salgada, combinados de acordo com o Inkisse/Orixá e sua natureza, ou ao objetivo que se quer alcançar.

    A comida de Branco é a comida nossa do dia a dia. Normalmente separamos por esses nomes, para separar a comida que é ofertada ao "Santo" e a que não é.
    Comida de Santo ou "Comida de Preto", referencia a cozinha tradicional Africana. 
    E "Comida de Branco", referencia aos antigos donos de escravos Africanos, que tinham suas comidas diferenciadas dos "Escravos", atualmente é o nome das comidas que comemos em nossas casas de Santo.

    Poucos tem espaço suficiente em sua casas de Santo para separar a cozinha de Santo da cozinha de branco. Nestes casos quando fizerem comida de branco não misture com as comida de santo. Quando for manipular alimentos que são sagrados para o santo, limpe o ambiente faça um defumador, coloque em um prato vela acesa e copo de água, isso vai sacralizar o ambiente, a pessoa que for fazer as comidas deve ser uma pessoa feita e preparada para isto, não permita pessoas de corpo "sujo" sem banho de santo ou abô entrar nesse ambiente. Pra que as comidas já preparadas atinjam o objetivo.
"Lembre sempre que, a Cozinha de santo e as coisas que são feitas la é a continuidade de qualquer fundamento de santo" é local sagrado".

     Entender os "por que" de cada Comida de Santo, é entender primeiramente a natureza de cada Santo.
      A natureza é composta de quatro elementos, água, ar, terra e fogo, e os Orixás são associados a cada uma destas naturezas. Essas naturezas interagem entre si, assim como cada um dos Orixás interagem com esses elementos. Isso nos diz que cada Orixá em maior ou menor grau interagem com os quatro elementos. Uns são mais ligados a água, outros ao ar, outros á terra outros ao fogo, mas todos interagem com ambos elementos.

    A simbologia das cores é marcante para o preparo das "Comidas de Santo" e também os fundamentos relacionados a Menga/Ejé/sangue, mineral, vegetal e animal.

   Cada Orixá tem uma comida básica de acordo com suas origens e natureza. E são comidas que não exigem muita elaboração, são muito simples. Desde Pambunjila/Exu até Lemba/Oxalá. Talvez seja para nos ensinar que o simples é o suficiente.

    A principal comida de Exu/Pambunjila se baseia simplesmente na mistura de  farinha de mandioca, dendê, cachaça, mel, sal e água, ou cada um destes elementos misturados a farinha de mandioca separadamente, é tradicionalmente chamado Padê de Exu, ou ainda Minãn Minãn.
 A farinha é símbolo de descendência genérica individualizada, que caracteriza Exu como o primeiro descente filho individualizado, nascido como primeiro descendente do Masculino e do Feminino, a ponta de cima do triangulo, cuja maior representação esta no 
Egam( fina trança de palha da costa que sustenta o Ekudidè) pena de papagaio, simbolo do que foi nascido gerado.
    
    O dendê e o mel são símbolos do poder gerador feminino, é literalmente poder de realização o que é capaz de fazer com que as coisas sejam e aconteçam.
    A cachaça( o suor) é o calor,  a nossa luta diária que é o crescimento a dinâmica da oferta. 
    O sal é simbolo de vida material, sangue branco mineral.
    A água é simbolo de tudo que é apaziguado equilibrado tranquilo, junto aos outros elementos do Padê(reunião), simboliza equilíbrio. Energia desequilibrada gera muitos desgastes.

    Usualmente todas as comidas de santo tem um tempero em comum, geralmente são: dendê ou azeite de oliva, sal grosso, cebola batida ou em rodelas, camarão seco e mel. Exceto Lemba/Oxalá que não come sal e nem dendê. 
   
    O feijão preto é comida votiva do Inkisse Inkossi/Ogum, símbolo do preto vegetal que cotem em suas substancias o ferro entre outras. Cozido ou torrado, mas não se aplica somente a Ele mas também a todos os outros que tem como fundamento o sangue preto vegetal/animal/mineral como partes de seus fundamentos como Pambunjila e Zumba/Nanã.
     O feijão preto para Inkossi/Ogum é geralmente cosido ao dente em água, deixando secar a água para não escorrer, pois assim não perde suas características, e depois refogado em dendê sal grosso, cebola. Colocado em alguidar e enfeitado por cima com molho de camarão e cebola em rodelas finas e é decorado com folhas do Inkisse. 
    Quando o feijão é torrado geralmente com um pouco de dendê e pouco sal é ofertado em alguidar decorado com folhas própria,  essa comida é própria para o Inkossi que tem caminhos com Mavambo.
    O feijão preto bem cosido e sem água é amassado com dendê e sal e modelado em forma de bolinhos compridos em quantidade de 3, 7, 9, 11, colocado em alguidar e enfeitada com ervas próprias do Inkisse, arriado em alguidar.
     Alem dessas comidas elaboradas com o feijão preto Inkossi/Ogum tambem come; cará barbado simplesmente cozido ou assado, descascado ou não, dividido ao meio de comprido ou inteiro e enfeitados com palitos; fatiado de comprido cru e frito no dendê em quantidades de 3, 7, 9 ,ou 11 fatias, em casas de Kavungo pode pegar o Cará chinês ou cará dedo elaborado da mesma forma que o cará barbado, também come xinxim feito com grão de bico cozido, feijão fradinho cozido, milho seco cozido, canjica amarela, todos esses grãos misturados e refogados com dendê e sal, um pouco de camarão e cebola batida, finalizando com um pouco de farinha de mandioca misturada aos grãos e colocado em alguidar enfeitado com molho de camarão e ervas própria de Ogum.
    
    As comidas votivas de Katendê/Ossanhe é elaborada basicamente com milho seco comum; torrado com folhas de louro e fumo de rolo colocado em alguidar enfeitado com folhas próprias do Inkisse. Também o feijão fradinho feito a mesma maneira do milho. O milho e o feijão fradinho também podem ser cozidos e colocado em alguidar enfeitado com fumo de rolo em lascas folhas do Inkisse e regado com mel.Todas estas comidas podem também serem colocadas em cabaças cortadas no seu comprimento.
     A milonga comida votiva do Inkisse Katendê, é composta de um pouco de; um punhado de milho cozido, canjica amarela cozida, canjica branca cozida,feijão preto cozido (bem pouco),  amendoim cosido, tudo misturado com mel e enfeitado com lascas de fumo de rolo e algumas pipocas, colocada em alguidar ou cabaça forrados com folhas de fumo.

    Mutakalambu/Oxossi, sua comida é baseado em milho seco cosido, (sangue vermelho vegetal, simbolo do poder gerador da terra).O milho cosido, pode ser refogado com dendê ou azeite de oliva, temperado com camarão, cebola e sal grosso, colocado em alguidar e enfeitado com folhas próprias de Mutakalambu/Oxossi. O milho também pode ser simplesmente cosido e misturado ao mel ou melaço, coberto com fatias de coco em meio circulo e folhas próprias do Inkisse. O milho também verde em espigas cosidas com casca, depois de cosidas as espigas são arregaçadas limpas e tirados seus cabelos, desfiadas as folhas da espiga, colocadas em alguidar e enfeitadas com amendoim passado no dendê ou azeite de oliva. Todo o modo de se preparar o milho serve também para o feijão fradinho(sangue branco vegetal, símbolo das grandes mães).

    Zaze/Xangô, basicamente sua oferta de comida é o quiabo cortado em cruz e batidinho, em quantidade de 33 por exemplo; que somado é seis ou 42 que somado também é seis....temperado com dendê ou azeite de oliva, sal grosso, camarão seco, pimenta malagueta em pouca quantidade e cebola batida, cozido em forma de guizado e batido com colher de pau na panela, é chamado de amalá batido, pra nós é o dilangobango, forra a gamela(comprida, simbolo do masculino), com pirão de farinha de mandioca(funji) ou angu de fubá amarelo, preparado com dendê e ou azeite de oliva e sal grosso. Coloca este pirão(funji) forrando a gamela e por cima o dilangobango(amalá), e enfeita a comida com 12 folhas de fortuna, 12 quiabos crus de pé inteiros, 12 acaças branco , 12 moedas e 12 buzios, brancos ou marrosns.

Dialangobango.

Bango(dinheiro - riqueza).
Loango( Zaze Loango).

Dialangobango, é a riqueza de Zaze Loango, esta comida é simbolo do poder ancestral que traz equilíbrio estabilidade prosperidade e mantem a riqueza ancestral na casa.
    Alem do funji(pirão) de farinha de mandioca ou de fubá amarelo, a gamela comprida pode também ser forrada com a massa do acaça branco sem nenhum tempero, com cará barbado cosido ou assado, amassado e temperado com azeite de oliva e ou dendê.

    Para Kavungo/Omolu, a comida votiva mais comum é o milho alho(milho de pipoca), torrado na panela com areia do mar.
A areia do mar é símbolo da força ancestral, cada grãozinho representa a força ancestral de um antepassado, e todos os grãos juntos é grandiosamente um poder ancestre inigualável. Simbolicamente cada grão de milho representa uma grão de areia.
    A panela é um continente útero, onde repousa a areia, quando colocamos os grãos de milho dentro da panela e a levamos ao fogo, essa panela é um útero quente pronto para gerar vida. Simbolicamente o ato de estourar a pipoca  numa panela de areia do mar quente é o renascimento de todo o poder ancestral contido em cada grão de milho, que Kavungo/Omolu representa.
    Para melhor entendermos, a ação de estourar pipocas para Kavungo, é simbolicamente o nascimento de um novo ser, uma nova vida, cujo nascimento se deu por força de seus ancestrais.
Cada nascimento gera vida e morte ao mesmo tempo, nascemos das treva(preto) para a luz(branco). No momento do nosso nascimento a fusão das trevas(corpo) com a luz(vida) é representado nas cores preto e branco das guias de Kavungo.
    O corpo fisico pertence a Kavungo, que deve retornar ao utero(zumba) sua mãe.  
    Kavungo também come feijão preto torrado e triturado com sete pimentas da costa colocado dentro de um alguidar formando um montículo e em volta coloca-se pipoca, enfeita-se com ervas do santo.
     
     O feijão preto também pode ser cozido ao dente refogado com dendê cebola batida sal e camarão colocado em alguidar e por cima no meio mostarda refogada com molho de camarão e em volta pipoca.
      
      A farinha de milho amarela ou o fubá, temperada com dendê um pouco de sal grosso sete pimentas da costa moídas camarão seco triturado, esta mistura é umedecida com água e colocada em cuscuzeiro ou panela tampada para cozinhar, é o chamado fubá suado, depois de pronto colocar em forma de montículo no alguidar e rodear com pipoca.
    
    Também o inhame chinês também chamado cará dedo, cozinhar sete, depois de cozido e descascados é amassado e temperado com sete pimentas da costa moídas dendê e sal grosso, formar sete bolas e colocar no alguidar.

    A costela de boi, separa um pedaço dessa carne com 7 pedaços de osso, tempere com sal grosso e dendê, leve à panela para muquear(ir pingando água até tostar), depois de pronto retire da panela e na mesma panela coloque cebola batida, camarão seco pimenta da costa moída mais um pouco de dendê se precisar. Coloque essa costela já pronta no alguidar jogue esse molho de camarão por cima e acrescente pipoca em volta.

     O  cuscuzeiro de pipoca, compre um coco seco dos grande, retire a água, leve ao fogo para soltar a casca, serre esse coco ao meio, retire a casca dura do coco, descasque  e depois divida cada metade ao meio, vá fatiando, em fatias finas em forma de meia lua(arqueado), coloque a pipoca pronta no alguidar, enfeite com os pedaços fatiados, uma das pontas da fatia do coco no meio do alguidar a outra ponta da fatia na lateral do alguidar, vá colocando uma ao lado da outra de modo a tomar o formato de um cuscuzeiro ou se preferir uma aranha.

     Para Angorô, lavar um bom punhado de canjiquinha, colocar para cozinhar com uma boa quantidade de água que pode ser de chuva cachoeira ou água de uso comum, temperar com cebola ralada camarão seco sal grosso dendê ou azeite de oliva. Quando estiver cosido bater com colher de pau ainda na panela até formar um creme, meio grosso, colocar em louça comprida ou redonda enfeitar com 3, 5, 7 ou até 14 ovos cosidos, fazer um molho de camarão seco cebola em rodelas e um pouco de sal e enfeitar a comida.
    
     Cozinhar o feijão fradinho inteiro, escorrer a água, refogar com camarão seco cebola batida sal grosso, dendê ou azeite de oliva, colocar em alguidar de barro forrado com 3, 5, 7, ou 14 folhas da planta jiboia, por cima colocar ovos ( 3, 5, 7, 14) cosidos e fatiados de comprido em quatro partes , colocar por cima do feijão refogado. Se for para Angoromeia os ovos devem ser fatiados redondos.
      Colocar molho de camarão com cebola em rodelas dendê ou azeite de oliva e poco sal pro cima de tudo.

    As cobras para Angorô e Angormeia, a massa para modelar as cobras podem ser feitas com: batata doce cosidas e amassadas, massa de canjiquinha, massa de acaça branco ou amarelo. Essas massa  são sempre temperadas com azeite doce ou dendê, sal grosso  cebola ralada camarão seco triturado, pode também colocar simplesmente mel nessas massas. Modelar as cobras sempre em pares, macho e fêmea, ou apenas uma em forma de círculo simbolo de continuidade. Colocar em alguidar travessas ou louças brancas, modelar a cabeça das cobras com olhos boca com língua e rabo fino, sinalizar os olhos com caroço de feijão fradinho e a língua em forma de forquilha com casca de tomate. Enfeitar em volta das cobras e entre elas com ovos inteiros ou fatiados, sementes de girassol,  umas 14 pipocas ervas do santo búzios abertos e moedas.

    Pegue um bom pedaço de carne de boi o lagarto, tempere com dendê ou azeite de oliva sal grosso, coloque em uma panela para muquear(tostar), vá pingando água até a carne ficar pronta, separe o lagarto, na mesma panela coloque camarão seco, cebola batida azeites se ainda precisar, refogue o feijão fradinho já cosido nessa panela. Coloque o lagarto já pronto numa travessa de louça branca, e em volta o feijão fradinho refogado, faça um molho de camarão seco e cebola em rodelas e enfeite a comida, coloque ervas do santo e também ovos cosidos.

     O inkisse Tempo, aprecia muito o milho branco chamado ebô, mas diferente de Lemba/Oxalá, gosta do milho branco cosido e temperado com vinho branco mel e sal grosso, colocado em alguidar ou louça branca, enfeitado com pedaços de pão de sal cortado de comprido, e folhas do Inkisse.

    Tempo gosta de massa de feijão fradinho sem temperos envolta em folha de bananeira em forma de acaça e cosido no vapor, depois de cosido retira a folha de bananeira esfarela os ekurus, coloque em louça branca ou alguidar, coloque 9 acaças brancos em cima e rega com mel, enfeite com folhas do santo.
   
    Coloque em alguidar, gamela ou louça branca massa de acaça branco, para forrar a vasilha, coloque por cima pipocas, estouradas no azeite de oliva, enfeite com ervas do santo.

     É bom tratar do Inkisse Tempo sempre no branco, gera Harmonia na casa.

      Para tratar de Tempo assentado em árvores, não individualizado, quer dizer feito em Ori de ninguém, pode se arriar todas as comidas de Santo que são feitas para outros Inkisses, aos pés da árvore num banquete a Kitebu onde há comidas bebidas e frutas diversas além de cortes devidos a esse inkisse. Afinal árvores sacralizadas a Kitembo assume o papel de ligação da terra(ixi) com o (duilo) céu, por onde todas as energias da terra da água do fogo e do ar se conectam ao céu, quer dizer a árvore é ligação do axé ancestral contido na terra com o axé ancestral contido no ceu Orum, e tudo isso regulado por kitembu.
     
    Matamba/Inhansã  sua comida votiva é o acarajé, feito a base de farinha de feijão fradinho temperada com massa de camarão pimenta malagueta cebola batida e sal grosso e frito no azeite de dendê.
    A farinha de feijão fradinho assim como todas as farinhas feitas de grãos e raízes, é descendência genérica individualizada  o dendê é poder de realização feminino, simbolicamente o acarajé representa também o poder das mães de gerar em seu útero os filhos, o gerar filhos é a garantia de expansão de todas as linhagens ancestrais e dos antepassados garantido sua descendência sem a qual toda a criação seria sem propósito.  

    O bobó de camarão que pode ser feito a base de mandioca ou o inhame rosa ou inhame cabeça, cozinha o inhame descasque amasse bem até formar uma pasta, refogue com dendê camarão seco triturado cebola batida sal grosso coloque água e faça como um pirão mais grosso, deixe cozinhar, coloque em tigela branca, faça um molho de camarão, seco inteiros com cebola em rodelas dendê e pouco sal e nove pimentas malagueta, coloque este molho por cima do bobó na tigela e ervas do Inkisse.

    A massa de arroz cozido tempere com dendê pimenta malagueta cebola batida sal grosso, faça nove bolinhos frite em azeite de dendê, coloque em meia cabaça enfeitada com 9 folhas de louro.

    Farofa de quiabos, corte os quiabos em fatias redondas e finas, toste o quiabo no dendê, acrescente farinha de milho amarela, cebola batida sal grosso um pouco de água pimenta malagueta triturada, mexa bem até formar uma farofa, forre um prato de louça branca ou em meia cabaça com ervas do Santo coloque a farofa de quiabos.

    Amalá, corte os quiabos em fatias redondas e finas, refogue com dendê, cebola batida pimenta malagueta sal grosso e camarão seco, coloque 9 quiabos pequenos inteiros(aqueles curvados) para cozinhar junto, coloque essa comida em louça branca, os nove quiabos inteiros retire e separe, depois de colocar o amalá na louça, enfeite por cima do amalá com os nove quiabos inteiros de modo a formar um cata vento, enfeite também com 9 folhas da fortuna.

    Dandalunda/Oxum também gosta do inhame rosa, cosido amassado e temperado com camarão seco moído, cebola batida, um pouco de sal grosso e refogado em azeite de oliva, depois coloca em louça branca enfeite com 5 ovos cosidos e molho de camarão, enfeite com crisântemo amarelos e ou rosas amarelas.
   
    Omolocum dissolva a farinha do feijão fradinho em água tempere com cebola batida sal grosso camarão seco triturado ponha para cosinhar com azeite de oliva, quando estiver soltando do fundo da panela já esta cozido, coloque em louça branca enfeite com 5, 8 ou 16 ovos cozidos ervas do santo e flores amarelas, pode colocar molho de camarão por cima.

    Dandalunda também gosta de bolas de arroz(5) cozido regado ao mel, servido em prato de louça branca enfeitado com flores e ervas do santo.

    Samba kalunga/Yemanjá, cozinhe o arroz em água com um poco de azeite de oliva e bem pouco sal grosso, coloque em louça branca, enfeite com molho de  9 camarão feito com azeite de oliva  cebola fatiada redonda, coloque ervas do santo e flores brancas para enfeitar.

    Limpe um peixe(tainha), retirando só as tripas deixando as escamas, coloque água temperada com azeite de oliva sal grosso e cebola batida, coloque o peixe dentro desta água e vá cozinhando sem deixar desmanchar, retire o peixe já pronto e separe, com a água que preparou o peixe faça um pirão(funji) com farinha de mandioca ou de arroz, forre uma louça branca comprida que caiba o peixe com o pirão, coloque o peixe já pronto por cima, faça um molho de camarão cebola fatiada redonda e pouco sal grosso no azeite de oliva, regue o peixe com esse molho, enfeite com ervas do santo e flores brancas.

    Samba kalunga também aprecia 9 bolas de arroz ou de canjica branca, regadas ao mel ou azeite de oliva, em prato de louça branca enfeitado com flores e ervas do santo.

    Da mesma forma que é feito o peixe para Samba kalunga, também se faz o peixe Dourado para Dandalunda/Oxum

    Ganga Zumba/Nanãn, sua comida predileta é o mingau feito com farinha de arroz, depois de cozido coloque molho de camarão seco cebola fatiada redonda sal grosso e azeite de dendê ou azeite de oliva. Essa comida é chamada de denguê(mingau) e representa a lama matéria de origem.

    Limpe um peixe bagre retire somente as entranhas, coloque para ferventar em água com azeite de dendê, cebola batida e sal grosso, depois de pronto separe o peixe, faça com a água que ferventou o peixe um pirão com farinha de mandioca ou farinha de milho branco ou ainda farinha de arroz, depois de pronto coloque em louça comprida branca coloque o peixe, faça um molho com camarões seco cebola fatiada redonda, sal grosso,coloque por cima da comida este molho, enfeite com ervas do santo e flores brancas.

    Gangazunba gosta também de arroz cozido sem temperos, bem solto colocado em louça branca e regado com mel, enfeitado com flores brancas ou lilás e ervas do santo.

    Lemba/Oxalá, o que ele mais gosta é da canjica branca cozida sem nenhum tempero, colocada em louça branca e enfeitado com ervas do Santo e flores branca.

    Kassuté/Oxaguian, aprecia muito o cará barbado cozido e temperado com mel ou cera de ori, colocar essa massa em louça branca e enfeitar com oito acaçás branco, ervas do santo e flores branca.  Essa comida representa a massa ancestral do qual ori é modelado.

    Lemba também gosta de 8, 10 e 16 bolas de arroz cozido, ou cara barbado cozido canjica cozida, colocado em pratos ou travessas de louça branca forrada com algodão ou ainda com a folha tapete de oxala, regado com mel.


    Todas estas comidas para todos os santos, podem ser enfeitadas colocando fitas nas cores e quantidades para cada santo, no fundo da vasilha que irá colocar a comida, também enfeite com búzios e moedas sempre na quantidade que cada santo pega.
   Quanto a o continente(vasilhas) onde serão colocadas as comidas, deve sempre respeitar a natureza de cada santo.
    A simbologia das fitas, elas sinalizam o caminho. Coloque duas fitas uma cruzando a outra, encontrará a cruz, o principio dinâmico da vida, a partir dessa cruz inicial coloque as outras de modo a formar todos os pontos cardeais possíveis.

Por exemplo; sete fitas de um metro cada uma, e cada um metro de fita de uma cor; azul escuro, verde escuro, vermelho, laranja amarelo, lilás e branca. Começarei sempre pelas cores mais escuras, no caso azul escuro e verde escura, colocarei a azul escura e sobre ela a verde escura formando uma cruz, a partir dai irei usar as cores, vermelho e lilás, colocarei a vermelha cruzando a verde e a lilás cruzando a vermelha, depois a laranja cruzando a lilás e a amarela cruzando a laranja e por ultimo a branca cruzando a amarela. E farei isso por exemplo dentro de uma louça branca, para colocar a comida de Angorô. As fitas podem ser usadas para todas as comidas de santo respeitando, sempre as cores de cada um e o tamanho. Geralmente se usa fitas de um metro, por exemplo 10 pedaços de fita branca de um metro cada. o numero um é simbolo de exu que alem de ser o dono dos caminhos é o principio de força dinâmica que impulsiona todos nós filhos e Orixas para a evolução.




                       MAKUIU A TODOS

    

    





fevereiro 24, 2017

OS SENTIDOS DA MEDIUNIDADE

     

     Falar sobre a complexidade que envolve a mediunidade, me faz rever em minha memória o período de vinte e um dias de minha iniciação.
     Há, entre tantas coisa que acontece nesse período, muitos momentos que rezamos os ingorossis(rezas sagradas). Lembro-me de minha Mam´etu Nidenge Katulokô e de meu Tat´etu Nidenge  Tauágenan que pacientemente, me ensinavam os primeiros passos de um Muzenza, ainda cambaleando aqui ali nas pronúncias das palavras.
      Carinhosamente Eles repetiam palavra por palavra, até que eu pudesse entender e pronunciar ainda que muito tímido as palavras sagradas. Nesse tempo não se podia escrever, tudo era ensinado boca/ouvido.
       
 BOCA, OUVIDO, OFATO, VISÃO, MENTE, MÃOS E PÉS.

     Estas partes do corpo em uma iniciação são lavadas, louvadas, rezadas e sacralizadas para que estejam prontas para receber e doar o Ngunso(axé), e isso acontece  por muitas vezes durante a iniciação.
      São estes sentidos que com o passar do tempo através das obrigações anuais iram fortalecer em nosso corpo para que possamos estar pronto para percebermos, sentirmos e mesmo vermos a espiritualidade com mais clareza e sabedoria, assim como deve ser um "Mais velho" graduado.
Seja Tata ou Negua T´inkisse, Xicarangomes e Makotas, Kotas entre outros Tat´etus e Mam´etus.
      Cada um destes sentidos definirá qual o tipo ou tipos de mediunidade a pessoa melhor desenvolverá ao longo período de sua iniciação, que se completará após os sete anos.
      
       O tipo de mediunidade mais comum no candomblé é a de incorporação. A palavra      IN CORPO R AÇÃO         significa:

IN (dentro ou de dentro);
CORPO  que pode ser físico ou espiritual:
AÇÃO ou VERBO(ato de movimentar ou realizar algo).

    Basicamente é a ação de um corpo de dentro de outro corpo, isso fala claramente sobre NTU (um corpo dentro de outro corpo). Para nós que seguimos os costumes Bantu, dizemos que é a ação, de um Inkisse(Orixá), presente dentro de cada um de nós.
      Essa ação do Inkisse pode ser voluntária ou involuntária depende do grau de desenvolvimento mediúnico espiritual de cada um de nós. Quando ainda somos Indumbe, quer dizer não iniciados e até mesmo em graus mais elevados do estágio Muzenza, essa ação é involuntária e com a elevação espiritual ou grau iniciático essa ação passa a ser mais voluntária, mas nunca perde a involuntariedade.
     
      Os sentidos da mediunidade é percebida diferentemente por cada pessoa. Os Xikaramgomes(ogans) e Makotas(ekedes) em uma confirmação tem todos os seus sentidos mediúnicos desenvolvidos, pois como todos os outros precisam estar em contato com o mundo espiritual durante os acontecimentos em uma casa de santo, porém  aparentemente não entram em estado de transe, mas estão espiritualmente ligados a esses acontecimentos sem inconsciência espiritual parcial ou total.

      Os iniciados que entram em estado de transe espiritual tem todos os seus sentidos espirituais desenvolvidos, e precisam ter, para não entrar em conflito com o Inkisse(Orixá) e com ele mesmo.       Uns desenvolvem mais um sentido do que os outros sentidos e isto causa muitas dúvidas sobre o virar no santo. É a complexidade mediúnica, mas com o passar dos anos de iniciação essas dúvidas (viro não viro), são sanadas a partir do momento em que a confiança, as obrigações anuais, os ensinamentos e a intimidade com a Divindade aumentam e o NGUNSO se torna mais forte mais presente.
      
      O processo de aprendizagem das danças sagradas, não é somente aprender os movimentos do corpo, mas aprender na dança a incorporar uma Divindade, não exatamente virar no Santo(entrar em transe), mas sentir a força da Divindade no próprio corpo (Xicarangombes e Makotas), como um ator que encorpora seu personagem em cena. 
      Há movimentos do corpo próprios para cada Inkisse. Como por exemplo movimentar-se na dança como um velho que é o caso de alguns Inkisses ou como um caçador ágil e esperto, isto é incorporar ou seja sentir na própria pele(corpo), sem necessariamente entrar em transe.
   
     Todos os sentidos da mediunidade equilibrados em um corpo proporcionará, maior facilidade do transe mediúnico de uma Divindade ou Entidade. Os chamados "rodantes" pessoas que entram em transe mediúnico, quando os sentidos de sua mediunidade são bem desenvolvidos resulta em uma incorporação de transe com a Divindade ou Entidade em um perfeito equilíbrio que o simples fato da pessoa virar no Santo todos a sua volta perceberam a energia que o seu corpo em transe transmitira em todo o ambiente, isto é quando percebemos a energia da Divindade/Entidade.

      

      
       
        

fevereiro 17, 2017

SACRIFÍCIO ANIMAL OU VALORIZAÇÃO DA VIDA

     Desde que o ser humano apareceu na terra, Ele sempre foi um admirador da natureza, sempre foi um contemplador da natureza e sempre procurou preservá-la, pois da natureza ele sempre dependeu.

   A criação da terra, o mundo material é retratada em várias culturas e de vários povos tão diferentes mas, sempre se fala de uma divindade suprema o grande criador de vida, e em várias destas histórias a grande divindade suprema cria divindades "menores" na criação do mundo material e os coloca cada um como regente ou responsável por um ou vários elementos que compõem o mundo material.

    O ser humano é criado da massa matéria e contém em seu corpo todos os elemento dessa mesma matéria divinizada,  em maior ou menor quantidade. Isso faz com que o nosso corpo tal qual a massa terra faça parte da natureza que foi criada pelas divindades que são representadas por cada elemento que compõe a terra ou seja em nosso corpo existe um pouquinho do axé de cada divindade, que todas elas reunidas em nosso corpo nos torna seres sagrados, divindades encarnadas e que através de rituais de iniciação essas divindades são despertadas e se manifestam e podem se materializar em nosso corpo podendo assim estarem mais em contato físico com os seres humano seus descendentes.

    A vida contida em cada ser animado ou não ela é sagrada e esta de alguma forma vinculada a matéria e pertence a grande Divindade criadora de vida - Deus, Zambi, Olorum, Tupã, Olodumarê, Odim, Ala ou seja qual for o nome que culturas diferente usam para se referirem a Divindade que gerou toda a vida.

    A terra como corpo celeste está em constante movimento assim como os outros corpos celestes, e se há movimento há vida.
Segundo pesquisas a terra tem um rotação de oito mil quilômetros por segundo isso quer dizer que a massa terra gira em torno de si mesmo com uma velocidade tão incrível que nós não podemos perceber.
    Esse movimento propõe que a expansão da vida é constante, dentro de um ciclo vital;  nascer, crescer, desenvolver, reproduzir, amadurecer e morrer(ser restituído), isso é um ciclo completo de uma vida animada ou não.
     Para cada um destes ciclos da vida existem divindades que correspondem a eles, e que são cultuadas nas casas de Santo.
      
    A vida é sagrada pois sua origem é divina, quando usamos o chamado sacrifício animal seja para alimentação ou transferência de vida, não estamos cometendo nenhum ato de maldade ou de barbaridade, a vida contida em cada ser quando é tirada seja por qual motivo, ela retorna a sua origem, existem divindades responsáveis por este movimento de tornar ou retornar a essência da vida para sua origem, em fundamentos de santo ou em simples abates para consumo de carne.
Não é o ato em si de ceifar a vida de um animal que é cruel mas o método utilizado.
    
    Cada líder de uma religião que tem em seus princípios o sacrifício animal, deve ter consciência de que a vida contida em cada ser vivo é simbolo do Próprio Deus gerador de vida é como se fosse Ele próprio naquele momento de sacrifício.
La nas histórias do "cristo sacrificado" quer dizer crucificado, isso se torna bem claro.
Cada vida animal sacrificada em fundamentos ou para alimentação representam; um como alimento do corpo que é sagrado e outro como alimento da vida contida no corpo.


   " Toda a natureza animada ou não, esta em perfeito equilíbrio em um ciclo vital de restituição vida e morte".