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novembro 09, 2020

A CURIOSA INFINIDADE DE EXU.

Para retratar este estudo quero relembrar um Itam referente a Divindade Exu e farei apenas um resumo do Itam.

    Este Itam conta que Exu foi sancionado muitas vezes com uma espada por seu próprio pai e cada vez que Exu era cortado Ele se multiplicava em dois. E assim seu pai o perseguiu por todos os espaços da terra e do Orum e Exu deixou uma parte de si mesmo por todos os espaços. Quando não tinha mais para onde Exu fugir ele fez um pacto com seu pai, Exu devolveria tudo que tinha comido e nunca mais ele voltaria para a terra, permaneceria para sempre no Orum. E que cada um dos pedaços Dele deixado para traz onde fosse encontrado seria ali que deveriam cultuar venerar e invocar Exu quando assim fosse necessário. E assim Exu povoou todos os espaços se tornando infinitamente impossível de sabermos quantos pedaços ou partes de Exu existem. E isso quer dizer que Exu é infinito diante de nós. Que existem incalculáveis variedades de Exu.





    A Umbanda é uma Religião que mais mostra esta infinidade de Exu. Existem livros especificamente falando sobre Exu com uma grande quantidade enorme de nomes de Exu. A Umbanda é uma Religião basicamente professada em Português e por isso se torna mais fácil o entendimento do nome de cada Exu que se manifesta nos Terreiros. Eu não vou aqui falar profundamente sobre Exu na Umbanda mas, quero chamar a atenção para um alguns nomes de Exus mais conhecido pelo país afora. E quero também explicar dentro do meu conhecimento o meu entendimento sobre Eles.    

Geralmente associamos assim e, é uma forma para melhor entendimento:

Exu Tiriri é, exu de  Incossi/ Ogum;

Exu das Matas é, exu de Ktendê/ Ossanhe;

Exu Tranca Ruas é ,exu de Mutakalambo/Oxosse/Odé;

Exu Barabô é, exu de Zazi/Xangô;

Exu Caveira é, exu de Kavungo/Omolu/Obaluayê;

Exu Nandi é, exu de Angorô/Oxumarê;

Exu Gira Mundo é, exu de Tempo/Iroko;

Exu Maria Molambo é , exu de Matamba/Inhansã/Oya;

Exu Maria Padilha é, exu de Dandalunda/Oxum;

Exu Tiriri das Matas é, exu de Telekumpesu/Logum;

Exu Maria da Praia é, exu de Mikaia/Yemanjá;

Exu do Lôdo é, exu de Zumba/Nanã;

Exu Mirim é, exu de Wunji/Ibeji;

Exu Lalu é, exu de Lemba/Oxalá.


Quero aqui chamar a atenção para cada um dos nomes de Exu citado acima. Como exemplo vou citar Exu Tiriri.


    Este nome Exu Tiriri não é um único Exu, a palavra Tiriri é como se fosse um ícone, (uma referencia) que você clica nele e abre um infinidade de outros nomes relacionados ao nome Tiriri, e isto quer dizer que Tiriri não é um único Exu com este nome mas, um infinidade de Exus Tiriri. 

    O nome Exu Tiriri se refere a natureza desta energia de exu e que se associa a uma infinidade de outras energias e assim sendo a forma que esta energia se manifesta em cada pessoa recebe um nome diferente. Como por exemplo; Tiriri das Matas, da Kalunga, das Almas, do Sertão, do Mar e muitos outros.

E assim, acontece com cada um dos nomes de Exu citados acima não são um único Exu, mas uma referencia a natureza a que esta associado. Por isso encontramos por ai em muitas casas de Umbanda ou Candomblé Exu manifestado em pessoas diferentes mas com o mesmo nome ou nomes bem parecidos. E isto é normal e muito comum se, analisarmos a infinidade de Exu.




                                  SARAVÁ TODOS OS EXUS


                                           TATA OBAZIRI




junho 04, 2020

KIZILAS

    Para um bom entendimento desta palavra, devemos fazer observações no que diz respeito ao assunto.
    
    Kizilas ao entendimento de todos nós, é aquilo que comemos e que nos faz algum mal.

Existem as kizilas que são comuns a todos os iniciados. Tradicionalmente se diz; 
 " Não se pode comer miúdos de nenhuma espécie de animal como; figado, rins, coração, pulmões, baço e ainda pés de galinha, azas, pescoço, cabeça, ponta do peito, sobre e sangue, peixe sem escamas ". Ou seja, não podemos comer daquilo que o Axé foi constituído para que não tenhamos uma existência miserável.

Esta tradição de não se comer miúdos vem do tempo de nossos ancestrais e que muitas iniciados de Santo não seguem.

    Muitos pensam que quando se come o chamado " Ariaxè " vão passar mal, ter dor de cabeça, de estomago,cólicas intestinais,
vômitos, cólica umbilical mas, seria somente estes males?
Tem pessoas que comem e não setem nada disto e então?
A kizila é somente interdição Alimentar?

     Todas as Kizilas que temos podem se manifestar antes da iniciação, depois da iniciação, pode estar relacionadas ao Orixá que foi iniciado ou até mesmo ao Odu que nos rege.

Os filhos de Oxalá, Oxum e Oxossi não devem ingerir bebidas destiladas.
Os de Nanã e Euá podem ter kizila com o orvalho/sereno.
Os de Inhasã podem ter problemas respiratórios como asma bronquites, assim como os de Oxum.
Os de Oxossi não devem cortar e ou podar árvores.
Os de Ossanhe/Katendê não devem ingerir chás de algumas ervas.
Os de Ogum podem ter problemas nas pernas/estomago.
Os de Obaluayê anualmente podem ter problemas de pele assim como os de Oxumarê.
Os de Omolu podem ter kizilas com o barro ou mesmo o cheiro de poeira molhada.
Os de Ossanhe e Euá podem ter problemas de visão.
Os de Yemanjá podem ter problemas neurológicos.
Os de Oxum/Oxumarê podem ter falta ou excesso de água no organismo.
Os de Nanã /Oxalufãn/Obaluayê/Omolu podem ter sérios problemas de depressão.

Existem ainda uma infinidade de Kizilas relacionadas ao Orixá se fossem descreve-las daria um livro de muitas páginas.

Kizilas não é somente do que comemos mas, também de contato com alguns elementos da natureza.
E muitas vezes as pessoas não percebem mas, ingerir ariaxé pode ser uma kizila de curto prazo como uma dor de cabeça como também vida atrasada, problemas de relacionamentos familiar e pessoal,  problemas de saúde e mais tantas outras coisas.

Cada pessoa desenvolve um tipo de Kizila, de acordo com seu Orixá ou seu Odu, e ao longo do tempo estas kizilas vão mudando e algumas ficam para sempre.


Tat´etu Obaziri.



maio 03, 2020

YAÔ, MUZENZA, VODUNCI COMO SIMBOLO DE COLETIVIDADE

    Falar sobre um novo iniciado, como símbolo de coletividade para as religiões de Matriz Africana é relembrar os fundamentos de iniciação. E a Iniciação de um novo filho não é somente um período de reclusão de vinte e um dias numa camarinha, mas também em cada momento em períodos menores que acontece nos recolhimentos de renovação do axé individual de cada um e a cada ano.
    A cada momento que recolhemos para um simples bori ou fundamentos individuais mais complexos, nós somos iniciados em uma nova faze de elevação espiritual e material tornando-nos seres mais fortes. E isso se deve a coletividade, pois nós iniciados para o Orixá, somos o maior símbolo da coletividade. 

    Pois bem, para que qualquer período de iniciação aconteça necessariamente se faz uso do axé individual de todas as pessoas disponíveis na casa.
Cada uma destas pessoas tem a incumbência de realizar qualquer tarefa que se possa realizar em função do individuo que esteja em reclusão.

    Muito além do que muitos pensam a responsabilidade com a evolução do novo iniciado não é somente responsabilidade de seu iniciador(a) mas, de todos os filhos envolvidos ou não nos momentos iniciáticos de um novo individuo pois, o novo iniciado é fruto da Coletividade e carrega consigo todo o axé individual de cada um dos filhos iniciados na Casa direta ou indiretamente.

    Sabemos que o Axé é transmitido através das mãos, de sons, entre outros elementos simbólicos reais que, irão formar o axé individual de cada iniciado. Ora, nós que fomos iniciados somos uma pequena parte de um todo ou seja, o axé principal da Casa.

    A coletividade que nos faz nascer como novo iniciado em uma determinada Casa é fruto do Axé da coletividade de outra Casa, e assim sucessivamente acontece a expansão do Axé.

    Para os iniciados, é importante que entendam que para que Eles nascessem como um filho de Santo, foi necessários uma grande carga ancestral que veio de tempos imemoráveis e que estão presentes até nos dias de hoje através da coletividade que foi transmitida na sua iniciação.  

    Tamanha é a responsabilidade de se iniciar um novo Filho, pois você não esta somente iniciando um novo adepto da Religião, mas transmitindo o Axé de toda a Coletividade Ancestral que nos é transmitida na iniciação.



    NUNCA QUEBRE A CABAÇA DA QUAL, VOCÊ NASCEU             NÓS SOMOS PATES DE UMA MESMA CABAÇA.

                                     Tat´etu Obaziri.

agosto 20, 2019

KAVUNGO - OBALUAYÊ - EZÔ - O FRUTO DA TERRA - PARTE 2

                              Entendendo Kalunga.

    É um assunto já bem explicado por muito autores e sacerdotes da Religião.
Mas precisamos ainda separar cada uma destas partes de Kalunga para melhor reflexão.

    Todos já sabemos e temos o conhecimento de que, Kalunga é mais conhecido como o Oceano ou o Céu mas, Kalunga também esta associado ao cemitério, chamado por muitos de Kalunga pequena em relação aos espaços do Céu e do Oceano.

    Os espaços Kalunga/Oceano/Céu estão mais ligados ao mundo espiritual, onde a Kalunga Céu tem como maior representante Zambi/Olorum. O senhor dos espaços sagrados Duilo/Orum.
Em outras palavras Zambi/Olorum, é o próprio céu ou seja o próprio Kalunga. Representado também pelo Alá.
E como tal, Zambi também é conhecido entre muitos Povos Bantu como Kalunga.

    Como melhor simbologia, imaginamos uma cabaça cheia de água, onde a água representa o Oceano repleto de vida e o seu entorno a cabaça ou seja o Céu/Ar. Num acoplamento perfeito entre Axé masculino e feminino.
Em termos para mais fácil entendimento.
Oxala e Yemanja o par universal que gerou e gera toda a vida.

Não vamos nos ater neste assunto, pois nosso foco aqui é Kalunga em relação a Kavungo/Obaluayê.


    Se Kalunga/Oceano/Céu esta mais ligado ao Mundo espiritual, Duilo/Orum.
Kalunga/ Cemitério esta mais ligado ao Mundo Material, ou seja é no chão ou dentro dele é que toda a Matéria é recebida.
Não é preciso muita explanação sobre este assunto, pois todos nós sabermos que Kavungo/Obaluayê estão ligados aos mortos e a seus lugares de descanso.

    Quando acontece a morte de alguém, o primeiro passo é devolver o corpo Matéria para a terra ou seja Kalunga Pequena.
E o espirito se integra a Kalunga/Céu, mundo invisível.

    Quando esta pessoa foi um iniciado, seu corpo irá passar por alguns rituais para ser preparado e também o espirito desta pessoa para sua entrada no mundo espiritual e rituais de purificação do corpo para entregar a matéria a Kalunga Pequena.
Da mesma forma que um animal é lavado purificado para um fundamento de sacrifício o corpo humano também o é para que o corpo seja entregue ao Chão Kalunga.

Tat`etu Obaziri.


março 19, 2019

EXU A DIVINDADE E A FALA

    Exu é uma Divindade que tem múltiplos atributos, e hoje quero falar sobre a Fala, atributo este, exclusivo desta Divindade.
    
    Contam -se em um mito, que todos os Orixás foram obrigados por Olodumare a tirar um pedaço de suas próprias bocas e entregar a Exu pois a partir daquele dia Exu seria a divindade que falaria por todos os Orixás.

    Em um dos vários atributos desta Divindade, Exu recebe o titulo de Enùgbarijó, conhecido como Boca Coletiva, para muitos é o caminho em que Exu recebe todas as oferendas.
  
    Há em nossa boca 32 dentes, 16 superiores e 16 inferiores, os 16 dentes superiores falam pelos 16 orixás e os 16 dentes inferiores falam pelos 16 odus base.
Também se dividem em 8 dentes do lado direito e 8 dentes do lado esquerdo superiores assim como se dividem os dentes inferiores, 8 de esquerda e 8 de direita.

    Entre os dentes superiores e inferiores se encontra a língua que faz a interação entre eles.  A língua elemento de Exu, faz a interação entre o céu da boca e o chão da boca. O céu parte superior da boca simboliza o Orum ou o céu, e o chão da boca simboliza a terra. Neste contexto Exu, a língua faz a comunicação entre os habitantes do Céu e os habitantes da Terra.

    É sabido por nós que Exu sempre foi o responsável pela comunicação entre nós, os Orixás e Entidades. Aquele que transporta nossos pedidos e agradecimentos aos Orixás e Entidades através das Rezas e Oferendas.

    Enùgbarijó, responsável pela comunicação e representado na Boca pela língua, é a Divindade que Fala por nós na presença dos Orixás, Ancestrais e Entidades. É através Dele que recebemos as mensagens, conselhos, indicações de que maneira devemos combinar os elementos para fazermos os ebós e muitas outras situações que se faz necessário a comunicação. E principalmente por qual caminho Odu que Exu nos traz a mensagem. 

    Sim pois, dependendo de qual Odu que se apresenta à resposta da mensagem que o Orixá Entidade ou Ancestral se comunicou, é que
é dado a indicação do que deve ser feito. 

    Os dezesseis dentes inferiores representam os 16 búzios do tradicional jogo de búzios e também os 16 Odus base, que são; 8 de direita e 8 de esquerda. Cada um destes Odus caminhos são os caminhos que cada Orixá se manifesta através de Exu. Por isso há uma infinidade de Orixás que nós cultuamos individualmente durante a iniciação e que torna cada filho do mesmo Orixá, serem tão diferentes mas, com algo em comum.
Os nomes ou títulos de cada Orixá, Inkise ou Vodum, são referencias a uma energia da natureza contida dentro de cada um de nós e na natureza.

    De acordo com qual caminho Odu que esta Divindade se apresenta terá características diferente. Imaginem quantos, Orixás que temos no candomblé que dizemos que são mais ligados ao branco, não seria por causa do caminho que este orixá se apresenta, como Ejionilê ou Ogbé Meji entre outros.....
Imaginem um futuro iniciado para Oxalá cujo Odu deste futuro iniciado é Mejiokô ou Otorúkpon Meji, esta pessoa seria iniciado pra Oxalufan ou Oxaguian?

     São uma infinidade de questões que Exu pode nos esclarecer através da Fala, ou seja através do jogo seja Ele qual for.

    

Tata Obaziri. 

     

janeiro 23, 2019

KAVUNGO/OBALUAYÊ - EZÔ, O FRUTO DA TERRA - PRIMEIRA PARTE

    A palavra EZÔ se traduz como fruto, e fruto é aquela parte que envolvem as sementes, e podem ser secos ou carnosos e suculentos como; as castanhas, feijões, milho, coco, arroz, tomates, abacates uvas, mangas, pimentas e muitos outros. 
E esta "casca dura" ou pele da semente é o ovário que guarda o óvulo/semente e protege o embrião que esta pronto para germinar.

Como a frase, "toda fruta é um fruto porem, nem todo fruto é uma fruta".

A palavra fruta é um termo popular para os frutos doces e suculentos, como laranja, morango, manga....

Bem, este breve texto sobre frutos, é somente para nós entendermos um pouco mais sobre Kavungo/Obaluayê o fruto da terra.

    Algumas historia falam sobre o nascimento de Kavungo/Obaluayê. E nessas historias conta-se que Ele nasceu do útero de Zumba/Nanã, que é representada pelo útero/terra de onde todas os frutos brotam.

Ezô o fruto da terra é kavungo/Obaluayê, ou seja a semente da terra.

Dito isto, podemos dizer que, vendo Kavungo/Obaluayê paramentado podemos associá-lo a um fruto, onde a roupa de palha da costa que o envolve é a pele a casca a proteção da semente que protege o embrião a vida dentro da semente pronta para germinar nascer. 

As historias dizem que não podemos conhecer o que tem debaixo das palhas de Kavungo/Obaluayê. Umas historias dizem que é o brilho do sol, outras dizem ser um coisa tão terrível que nossos olhos não suportaria em ver. 
Mas o certo é dizer que ali guarda-se o segredo do nascimento da vida, pois se tirássemos as palhas é como tirar a pele das sementes e ai ele não brotaria não nasceria, mas também não conheceríamos o mistério da vida.  


Tat`etu Obaziri.




agosto 21, 2018

AS DIVINDADES FESTEJADAS NA kUKUANA.

    De acordo com com os Candomblés de Tradição Angola/Kongo de etnia Bantu aqui mo Brasil, festejamos neste mês de Agosto as Divindades Intrinsecamente ligadas ao elemento terra.
Cada uma destas divindades, possuem características próprias e distintas mas estão ligados pelo elemento terra, que os faz parecer parentes como em uma família. 
Quando dizemos por exemplo que Zumba/Nanã é Mãe de; Kavungo/Omolu/Obaluayê, 
Katendê/Ossanhe,
 Angorô/Angormeia/Oxumarê, 
Tempo/Iroko/Loko, 
Zingalumbondo/Ewá.
    Quando seguimos por esta linha de pesamento, podemos notar que, Zumba/Nanã é a energia do elemento terra que deu origem a tudo que Dela depende para ser e existir, como uma Matriarca que esta a frente de uma família.

    Zumba/Nanã é a mais antiga divindade da terra, é matéria de origem e esta ligada ao segundo elemento que é a água, esta presente no encontro da terra com a água, seja doce ou salgada, esta nas lagoas, nos remansos dos rios e cachoeira, nas fontes onde a água brota do chão e da vida aos grandes cursos de água, nos mangues dos rios e mares, nos pântanos e lamaçais é Divindade ligada a vida e NÃO  a morte. Tudo que nasce e brota da terra pertence a Ela, até mesmo nosso corpo matéria, porque Zumba/Nanã é a divindade que devemos respeito e reverencia, pois a Ela nosso corpo pertence e se o temos é porque Ela doou de seu próprio ventre/terra para que existíssemos, e quando nosso corpo morre Ela o recebe de volta em seu ventre/terra, talvez por isso é confundida com Iku que é a divindade que conhecemos como Morte. 
Zumba/Nanã esta ligada a moradia/casa/lar/kumbata e é simbolizada pela nosso corpo moradia de Zambi, e também nossas próprias casas que são construídas com barro/tijolos e aos templos/igrejas. É governante dos lares, a grande Mãe que reúne a mesa, a família.
É também filtros de águas, os manguezais que filtram as águas, ou o barro a beira das águas, o próprio filtro de barro para filtrar água que temos em casa.
Zumba/Nanã é o grande útero/terra fecundado que faz brotar de seus seios o leite/água que mantem a vida sobre toda a terra.
Zumba/ Nanã é a matriarca da primeira civilização dos filhos da terra com o ar/água Lemba/Oxalufã. Digo primeira pois a civilização atual a matriarca é Kaiala/Yemanja e seus filhos nascidos da água com o ar/Kassuté/Oxaguiã. 
Para quem associa histórias católicas com os Orixas e Mikisi, esta separação de civilizações esta ligada a história do diluvio bíblico. 

     O Inkise Tempo guarda em si a memoria de tudo que vive sobre a terra desde antes mesmo de nascermos, cada história que construirmos cada momento que vivemos, cada desfecho, é a memoria ancestral de cada um de nós e de cada linhagem de família, Tempo saberia contar cada segundo que vivemos, até de nossos antepassados.
É uma Divindade extremamente importante, pois sem a memória dos nossos antepassados que Ele guarda nem saberíamos quem somos e de quem viemos.
A sua bandeira branca hasteada em nossas casas de Santo simboliza que em nossas Casas seguimos a tradição ancestral, que o ancestral maior Nzambi é o caminho que buscamos, e quando a Ele retornarmos toda a nossa história de nascimento de vida e de morte estará na memória representada pelo Inkisi Tempo.
    Em um determinado momento quando estamos fazendo rituais de limpeza/sakulupemba, que usamos o morim, tecido que pertence a Tempo, usamos aqui uma cantiga para isso.

" Singanga Zambi, singanga no tempo,
siganga Zambi, .................................. ".

Com esta cantiga, através de Tempo invocamos a memória de vida da pessoa na presença de Zambi, para que conheçamos que caminhos e atitudes a pessoa tomou para que ela, a pessoa chegasse até ao momento do ritual, por alguns infortúnios da vida, e para que através deste ritual possamos corrigir esses infortúnios e aliviar a pessoa de seus males. Mas sem a magia de Tempo não seria possível. 

    Katendê/Osanhe, é interessante falar sobre essa Divindade que é a Divindade das folhas, Pai da Botânica, protetor da fauna, o químico, dono da floresta, entre outros atributos.....mas o mais importante é enxergar a força desta Divindade além da folha e de tudo que as ervas possam nos proporcionar. Divindade que é O grande sábio, dono do encantamento o purificador, pois onde toca tudo se torna puro sagrado.
    Esta divindade tem a força/nguzu/axé de despertar em cada folha o remédio ou o veneno através da força das palavras, Ele nos ensina a forma de usar cada palavra, pois não somente nas folhas despertamos algo, mas também nas relações humanas onde a forma de comunicação é a palavra. 
Ele nos ensina que podemos usar a força da palavra pra dizermos tudo que queremos, mas nos ensina também que uma palavra mal falada pode destruir relações causar doenças psíquicas irreversíveis, destruir pessoas e até mesmo famílias inteiras, com a mesma força e intensidade a boa palavra pode construir boas relações unir famílias aliviar dores dos que estão psiquicamente doentes. 
Katendê/Ossanhe pode curar doenças psíquicas vícios, por isso telvez esteja sempre ligado a Kaiala/Yemanja a dona da cabeça/Muntuê/Ori.
Katendê/Ossanhe é o pai do segredo daquilo que está oculto dentro de nós e que através da palavra se manifesta.
Ele é o sábio que prefere não falar, por isso costumamos dizer que, quem fala por ele é seu Pássaro Atiorô, que esta sempre com Ele, pois Ele mesmo diz que: 
"se não podemos encantar o mundo com palavras é melhor calar".


Angorô/Angoromeia/Oxumarê associado a chuva ao arco-iris, o grande Pai das águas que matem o equilíbrio da vida com suas águas. É o equilíbrio em si, representado na cobra que enrolada na cabaça/terra mantem o equilíbrio do planeta. Esta associado a coluna vertebral que simbolicamente liga terra/céu, é a coluna de sustentação do mundo.
Angorô é inteiramente masculino representado na chuva que cai do céu na vertical, que quando toca a terra é inteiramente feminino/Angoromeia, água da chuva que limpa a terra o ar e escorre para os cursos de água limpando rios, cachoeiras, lagoas, formando lençóis de água ou grandes bolças de água no interior da terra.
Angorô/Oxumarê simbolicamente se transforma em uma grande serpente de água que penetra no interior da terra e expõe tudo que esta oculto. Dizem que Ele a cada sete anos revolve a terra, como se diz: " tudo que se faz sobre a terra não fica em segredo ", Ele traz tudo a tona. Talvez seja por isso que costumam dizer que seus filhos não guardam segredos.
É o transportador de água e ar, todos os animais de corpo alongado lhe pertence como a cobra, as plantas que se enroscam em outras também esta associado a Ele. Angoromeia é a cobra enrolada Angorô é a mesma cobra esticada.
O seu corpo colorido o arco-iris se forma onde ha calor umidade e luz, isso nos mostra o ciclo das águas que evaporam da terra e sobem ao céu para formar a chuva e retornar a terra. Angorô/Oxumarè esta representado no circulo formado por uma cobra que morde a própria calda e com isso no ensina o ciclo infinito das águas. 
É o Inkisi/Orixá que representa a  continuidade de culto passado de gerações a gerações.
É a cobra que troca de pele e nos faz renascer para um novo ciclo de vida.


Kavungo/kaviungo/Obaluayê/Omolu, divindade responsável por restituir  ao grande útero/terra/Zumba toda a matéria que morre, talvez seja por isso que esta ligado ao cemitério onde enterramos nossos mortos.
Ele é a matéria individualizada, aquele que nos mantem em pé sobre a terra.
Ele é a matéria de origem que saiu do útero de Zumba/Nanã. Uma das  quatro cabaças que faz parte da cabaça da existência lhe pertence ou a cabaça que contem a lama/terra.
Para quem não esta inteirado nesse assunto, a constituição do mundo físico esta representado em uma grande cabaça que contem em si outras quatro cabaças; uma com a substancia branca representando o poder masculino, outra com a substancia vermelha  representando o poder feminino, outra com a substancia preta representando o que foi criado pelas outras duas cabaças e a quarta cabaça representado a matéria de origem da qual foi modelado o corpo fisico/Kavungo/Obaluayê.
E esta cabaça contendo os quatro elementos esta dentro de uma outra grande cabaça e Nzambi/Olodumare esta sentado em cima, motivo pelo qual nós meros seres humanos jamais teríamos acesso ao criador.

    Kavungo/Obaluayê é conhecido como o Rei dos Mortos dos antepassados, talvez por Ele restituir a matéria morta ao grande útero/Mãe, como se a morte fosse um conforto um retorno ao seio materno. Todos esses antepassados estão representados na grande quantidade de búzios que Ele carrega, nas nervuras de palmeira mariô que constitui o Imbéle/Xarxará, na sua roupa de palha cujos fios representam cada um que já foi restituído a terra.
Ele proporciona a saúde e a doença.
É conhecido como o médico dos pobres, porque com seu poder de restituição pode devolver a saúde ao enfermo, restituir as células doentes a saúde. Ele curou a si próprio.

    Dizem que Zumba/Nanã sua Mãe o abandonou ao nascer, mas não é bem abandono, Ele como qualquer outro filho que sai do útero da Mãe simplesmente se separaram , e se nós observarmos o filho no útero da Mãe ele não esta ligado ao corpo da Mãe e sim a placenta, que junto com o filho se desprende do corpo da Mãe, e como Zumba não é a maternidade a que cuida de filhos e sim Kaiala/Yemanja então tradicionalmente se diz que Ela Kaiala/Yemanja o criou.

    
    Zingalumbondo/Ewá, conhecida como a divindade da beleza, esta representada no firmamento, no crepúsculo, no amanhecer, no céu estrelado, no colorido das nuvens, na brancura da neve, na beleza interior.
É a divindade que da cor a tudo, que nos proporciona um grande diversidade de cores.
É a testemunha do nascimento de cada Inkisi/Orixá, sim pois é pela Maionga/Tó de madrugada que Ela testemunha o nascimento de nossos Orixás.
É a branca névoa que nasce da terra em noites de inverno, e o transporte de água da evaporação.
É senhora da percepção da intuição a que nos dá a força de enxergar além do que vemos.
É o encantamento da beleza, pois a apreciação da beleza esta nos olhos de quem a vê.

TATA OBAZIRI.
  

   
        

junho 13, 2018

XAXARÁ SIMBOLOGIA

  O candomblé é uma Religião rica em simbologia, as danças, os gestos, movimentos corporais, um conjunto de coisas que servem para traduzir o que é a Divindade e os mistérios que a envolvem, a quais elementos da natureza pertence e uma serie de outros fundamentos. 
Aqui quero falar sobre o Imbele/Xaxará uma simbologia que faz parte da Divindade Kavungo/Omolu/Obaluayê.

Para falar desse símbolo, o Imbele/Xaxará,  precisamos entender cada peça que compõe o seu corpo.

    O Imbele/Xaxará é confeccionado a base de nervuras das folhas do dendezeiro, envolvido em uma espécie de rede feita com palha da costa, búzios e miçangas.

    Imbele/Xaxará, é o cetro símbolo desta Divindade, muitos o tem como uma vassourinha de Omolu, que serve para varrer as mazelas das pessoas, afastar doenças e também um instrumento de cura, mas o significado desta " ferramenta " vai muito além.

    Como símbolo de representação dos antepassados este cetro carrega em si a mais complexa simbologia. Cada uma das nervuras das folhas do dendezeiro representa a estrutura óssea da folha seca utilizada para confeccioná-lo. Folha seca, e como sabemos as folhas ditas mortas ainda guardam  em si suas características de cura como as folhas secas que preparamos chás.
   
     Se observarmos uma folha qualquer, podemos ver que aqueles veios que cada folha possui são como os ossos/estrutura que recheados de vida sustentam o corpo das folhas.

    Assim são as nervuras/ossos das folhas da palmeira que unidas uma a outra dão suporte a magia e poder que envolve o cetro Imbele/Xaxará, ou seja a reunião de todos os antepassados simbolizados nessas nervuras das folhas, que sustentam o poder desta Divindade.

    Contam-se que quando alguém é tocado por este cetro, pode lhe ser infligida tanto a vida quanto a morte. É uma forma de salvar uma pessoa de uma doença grave ou lhe proporcionar a morte, livrando-o de seu sofrimento.

   Todas esta nervuras das folhas formando um feixe são envolvidas em uma espécie de rede fina confeccionada com palha da costa, e as vezes também pedaço de couro de boi ou cabrito que simboliza a pele.
    Esta especie de rede de palha é bordada com  búzios em quantidades variadas, búzios estes que simbolizam ossos/antepassados. Cada losangolo que compõe a rede de palha simboliza expansão e crescimento do axé dos antepassados.

    Miçangas de louça ou de cerâmica nas cores desta Divindade compõem a parte estética do cetro dando simbologia ao sangue preto, vermelho e branco sendo cerâmica ou louça sangue mineral masculino, feminino e descendência individualizada  representada na cor preta.

    E finalizando a composição do Cetro duas pequenas cabaças também enfeitada com pequenos búzios e miçangas, contendo em seu interior elementos como pós de;  ervas, de búzios, obi/makaso e orobô/orolê, pembas, elementos dos reinos animal, vegetal e mineral e uma infinidade de outras coisas que dão poder de transformação de vida para morte e vice versa, de acordo com o axé/nguzu de cada caminho/hamba da divindade que o porta. 

     O Imbele/Xaxará é simbolo de vida e morte. Como símbolo de vida, pode restaurar nossa saúde e nos manter de pé e ainda traduz que mesmo quando perdemos o nosso corpo ou seja morremos nosso axé ainda vive como antepassado. 

   



    E como símbolo de morte/restituição nos dá a certeza que não estaremos só, pois esta Divindade nos mostra que somos parte de um todo e que só temos existência por causa deste todo/nossos antepassados que, sem Eles nem existiríamos. 



     

maio 22, 2018

A COZINHA E SEU USO SAGRADO

    Como toda Casa de Santo é sagrada em todos os seus espaços, gostaria de falar em relevância sobre a cozinha.

Quem nunca ouviu estas frases?

" fulano é do fundo da cozinha".

" a comida é sagrada ".

" a conversa ainda não chegou na cozinha".

" diz-me o que come, que direis quem tu és" .

"morra Marta, mas morra farta".

" a hora de comer é sagrada".

    São inúmeros os ditos populares que os saberes dos antigos nos ensinam, e se olharmos com atenção podemos constatar muita sabedoria em todos eles.

A cozinha digo todas elas, em relevância a cozinha de Santo, como todos sabem é um local sagrado, pois ali é preparado todos os alimentos rituais que fortalece a casa seus filhos e os orixás que ali habitam.

    Quando se diz, "fulano é do fundo da cozinha", afirmamos que "fulano" é de confiança, a cozinha é onde se realiza todos os fundamentos de uma casa seja de Santo ou não. É ali que é processado todos os ingredientes  que dão sabores a vida e a tudo que é ali preparado seja cru ou cozido.
    No mobiliário da cozinha existem vários objetos mas, o fogão de todos é o mais relevante, ora onde já se viu cozinha sem fogão?

    O fogão assim como o forno estão relacionados com os orixás do elemento fogo em especial as Yas, Exu e a Xangô.

     Dizem que a cozinha é um ambiente feminino, é onde se processa a magia o encantamento, através do poder das "bruxas" e seus "caldeirões". De fato que caldeirões e panelas tem todo um significado com o útero. Mas não estamos mais na idade média, e as bruxas não são mais queimadas em fogueira, que segundo contam o fogo purifica transforma e por isso Elas eram queimadas, na concepção do cristianismo o fogo limparia a alma das bruxas de sua maldade e tornariam suas almas puras para serem recebidas no além pelo Senhor. 

    A comida é sagrada, sim cada alimento que é processado na cozinha direto ou indiretamente vem do grande útero que é a terra, Grande Mãe que alimenta seus filhos, que são seus frutos assim como qualquer alimento, e que como Grande Mãe piedosa recebe seus frutos de volta ao seu ventre.

    Na cozinha de Santo local sagrado onde é feita a comida para os Mikises, Orixás, Voduns, antepassados e ancestrais realiza-se  ali processos de cozimento e de misturas químicas. Cada alimento ali preparado, de acordo com sua preparação recebe elementos que combinados transfere e isala axé para um determinado local pessoa ou divindade, que alimentado é fortalecido por meio da oferenda de comida bem preparada.
  
  "Me diga o que comes, que direi quem tu és". Da mesma forma que uma pessoa possa estar fraco desnutrido a entidade ou divindade também pode estar com o seu axé parado por falta de determinados alimentos que mobiliza seu axé.
  
  Quando precisamos de cura alimentamos Kavungo/Omolu, para que através do alimento repleto de axé, esta Divindade possa nos repor a saúde. Da mesma forma, quando precisamos de ir a luta as conquistas do dia a dia alimentamos Nkosi/Ogum, para que através do alimento possamos nos tornar fortes para a luta diária. Quando nossa energia pessoal esta baixa damos comida a cabeça. Da mesma forma a Casa de Santo com seus fundamentos, que precisam ser alimentados para que possa crescer e expandir seu axé. 
    
    "Morra Marta, mas morra farta ". Mesmo quando morremos ainda são feitos alimentos para preparar todo o ritual que envolve o momento do Ntambi/Axexe.

     A saúde o sucesso ou  insucesso dos moradores de uma casa estão estritamente relacionado com a cozinha e o alimento que ali é preparado, esta é a grande responsabilidade das pessoas que preparam o alimento que fortalece nosso corpo e nosso Ngunzu/Axé.


fevereiro 28, 2018

CASA DE SANTO, NÃO É CASA DE CARIDADE.

     Casa de santo não é casa de CARIDADE, este é sem dúvida, um assunto polêmico, visto que, a grande maioria dos dirigentes das casas de Candomblé tem como tradição e conceitos de que, as nossas Casas tem que prestar caridade junto a comunidade em que estão instaladas, será isso uma obrigação.

     Bom eu não vejo isso como uma obrigação, penso sim que nesse assunto as casas de Santo estão misturadas e muito, com os conceitos da Umbanda e o Espiritismo.

     Casa de Candomblé, não é Casa de Umbanda e muito menos Centro Kardecista, meus RESPEITOS AOS UMBANDISTAS E KARDECISTAS.

     O povo Brasileiro e o povo do Santo confundem muito isso. Casa de Santo é uma casa onde se cultua a ancestralidade que esta dentro de cada ser animado ou não, é uma Religião onde se cultua pessoas, ancestralidade e a natureza contida dentro de cada ser.

    Cada elemento da natureza está contido em menor ou maior força dentro dos seres viventes animados ou não. Os rituais que são processados em fundamentos individuais ou coletivos, são para conhecer identificar expor e equilibrar esta energia chamada Inkisi/Orixá, contida dentro de nós  e nos seres inanimados, para que as pessoas possam ter uma vida melhor e viver uma vida plena em equilíbrio com ele mesmo junto a família e a comunidade em que vive, isto não pode ser visto como caridade, mas como um chamado dos Ancestrais contidos em nós e é uma escolha querer ou não participar desta Religião.

     Como dizia meu Avô de Santo quando tava meio decepcionado com o povo.

....casa de Santo é uma casa de reciclagem, as pessoas chegam, mortas doentes doidas desequilibradas, e nós as acolhemos, reciclamos e as devolvemos para a sociedade....

     Bem vejo o Candomblé como uma Religião que, recebe as pessoas que atendem o "chamado do Santo", e vem para cultuar a energia que esta em desequilíbrio dentro de si tornando-a assim uma energia equilibrada que, traz para a pessoa bem estar geral, e não estou falando de iniciação.

Imagine equilibrar uma energia como a do raio dentro de uma pessoa....

     Para mim esta questão de que casa de Santo tem que fazer Caridade, é mais uma influencia da opressão da antiga  Igreja Católica, ou baixa estima mesmo, por ser uma Religião de Negros como é conhecida no Brasil, para amenizar o preconceito.



 

    

O COMPLEXO MUNDO DAS ERVAS SAGRADAS.

    Bom, eu não quero através desta postagem indicar uma erva para cada Santo ou indicar o seu uso, pois já existem uma infinidades de postagens sobre esse assunto, mas quero salientar alguns detalhes.

   Para se falar com propriedade, sobre ervas, a pessoa tem conhecer a natureza de cada erva e isso leva algum tempo de estudo, tem que ser iniciada e preparada para esse fim, não é necessário que seja iniciado para Katendê/Ossanhe, pois podemos observar que nem todos os filhos de Kantendê/Ossanhe podem colher  ou manipular erva, isso é um equivoco que as pessoas tem, que todo filho deste Inkisi/Orixá tem que conhecer e colher ervas. Se nós observarmos bem, veremos que os filhos de Oxossi são os mais conhecidos como Mão Ofá, Gaipê ou Tata Insava, é raridade ter um filho de Katendê/Ossanhe que colhe ervas, e mais uma infinidade de detalhes. É como se diz, ..."o filho de Santo não pode tocar naquilo que compõe o seu axé, é kisila".
É como, a folha de aroeira preta, que na grande população de filhos de Inkossi/Ogum e Kunku'etu/Ogunté é kisila, só de se passar na sombra da árvore, que dirá manipular a folha.

   Não estou aqui contradizendo os mais velhos os grandes mestres e seus saberes em relação as folhas e suas finalidades para o sagrado, longe disto, pois sei que todos aprenderam  pela oralidade, vivencia e observação mas, hoje vivemos num mundo com muito mais recursos e oportunidades, e para mim esse mundo das folhas, merece mais estudo. Sei também, que as ervas sagradas nem sempre são de uso medicinal.

    O Candomblé mudou muito e em muitos aspectos, e a busca pelos ditos "conhecimentos perdidos" esta muito intensa para os que querem melhorar crescer evoluir sem mistificar a Religião, buscando agregar conhecimentos mas sem modificar ou menosprezar o que já existe, apenas melhorando.

    Eu penso que o mundo das folhas sagradas merece mais atenção e cuidado visto que, tudo que se faz no Candomblé é imprescindível o uso constante das folhas.  E outra coisa, os grandes Kimbandas do Passado conhecido por benzedores e benzedeiras, na sua grande maioria, levou com eles o conhecimento do sagrado e medicinal das folhas, pouco ficou, e ainda tem aqueles que arriscam indicar folhas medicinais como folhas sagradas  sem ter conhecimento necessário para isso.

    Tem os que dizem que , .....isto até agora me serviu, não vou mudar.....Mas não é uma questão de mudar mas, de agregar conhecimento, para também expandir mais a sabedoria.

    Sou consciente de que, quem nos ensina folha é Katendê/Ossanhe, mas existem coisas que devem ser escrita divulgada estudada se necessário for, para que não se perca no tempo. 

    Se nós tirarmos um pedacinho por menor que seja de um grande muro com o passar dos anos não existira muro, assim eu vejo nossa Religião, que estamos deixando muito e bons valores e fundamentos se perderem e ressaltando valores que qualquer ventinho leva.




O ESTÉTICO SAGRADO DO CANDOMMBLÉ

       Quando tratamos do assunto ESTÉTICA, nos voltamos para o visual de tudo que esta em nossa volta. A ESTÉTICA é um dos meios de comunicação, talvez o mais expressivo.

       E, em uma casa de Santo se tratando de ESTÉTICA, é bem mais além do que vemos, pois se trata de um ambiente sagrado onde cada detalhe traduz os eventos que ali iram acontecer.

       Ao entrarmos em uma Casa de Santo, a primeira reação é observarmos tudo que está em nossa volta, desde a entrada da Casa até os mais escondidos cantos, que não passam despercebidos a olhos atentos.

      A pessoa que prepara o espaço sagrado de uma casa de Santo, não precisa ser nenhum profissional da decoração, mas sim, precisa ter no mínimo o conhecimento básico do evento que irá acontecer, conhecer um pouco da Divindade para qual a Festa será realizada, combinando, tipos de tecidos, cores, ervas, flores, como as pessoas deveram estar vestidas de acordo com seu grau de iniciação. Tudo isso e mais, para criar um ambiente agradável e promover um equilíbrio de energias que iram harmonizar o ambiente, para que as pessoas que ali estiverem sintam no ambiente a energia da Divindade que ali será apresentada, e quando essa Divindade sair da sala deixe para cada um dos participantes uma boa energia, que as iram acompanha-las por alguns dias depois.

      A ESTÉTICA para uma casa de Santo, é de muita importância, pois apesar de não parecer, nos comunica com o sagrado, e mesmo em momentos que não hajam festa a Casa deve estar em harmonia pois é ali que o Sagrado se manifesta a todo momento e está presente.

      São cuidados que devem ser observados com muito detalhe, ao organizarmos uma festa de Santo, para que não crie um ambiente sem harmonia, onde as energias se chocam provocando distúrbios que não precisam acontecer, e pior causando desarmonia entre as pessoas que ali estão.

Eu mesmo ja ouvi algumas frases.
 
.....não se coloca essa cor para essa festa....
.....essa erva não pode, irá "queimar", nem todos podem com essa erva...
......esse atakam se amarra assim.....

E mais uma infinidade de detalhes, que são observados para compor a ESTÉTICA em uma casa de Santo. 

Por mais simples ou suntuosa que seja, a casa de Santo deve sempre ser bem cuidada, bem limpa e harmonizada, pois cuidamos do Sagrado, e acima de tudo deve transmitir àqueles que a frequentam o bem estar geral e a satisfação de participar de qualquer evento que haja.




    

outubro 24, 2017

O USO DO OJÁ ( Muhénge) E SEUS SIGNIFICADOS

   

    Entendendo o uso do Ojá ou Muhénge(kibundo)

      
      Para estendermos o Ojá, que não é um pano de cabeça qualquer, precisamos nos remeter aos fundamentos do Alá ou múlele (kibundo).
      Tradicionalmente, o Alá (múlele), é o grande pano branco de Lemba (oxalá), e seu significado está simbolizado no elemento ar que envolve tudo, os segredos da nascimento e morte, assim  sendo o Ojá também tem este significado.
      Debaixo do Ojá se guarda os segredos contidos nos elementos depositados no Ori(mutuê) quando em fundamento, elementos ali depositados e combinados formam uma força positiva para o equilíbrio pessoal, alimentando assim o ngunso(axé) contido em cada Ori.
      Nesse sentido o Ojá se equipara ao Alá representação do poder de Lemba e dos antepassados e ancestrais, pois como se diz:  Lemba(Oxalá) cobre tudo e todos.

   Por outro lado, em sua forma estética o Ojá nos, traduz o Inkise Amgorô. Por ser uma tira de tecido comprida, lembrando as "fitas"(cobras de Angorô).

   O Ojá quando em uso nos dias de festa, se apresenta nas mais variadas cores e tecidos, mas de uma mesma forma, um tira de tecido longo e largo que envolve a cabeça das pessoas. Novamente nos remete ao Inkise Angorô, responsável pelas cores existentes na natureza. Mas não somente por isto, esse Inkise, é o que promove o equilíbrio, representado na cobra que envolve a terra impedindo que se desintegre, assim também o Ojá envolvido ao ori(mutuê), lhe proporciona o equilíbrio, como dizem as antigas Mães; o ori deve estar sempre em equilibrio protegido pelo Ojá.  


      Então podemos dizer que:       O Ojá ou muhénge (kibundo), guarda o destino pessoal contido em cada Ori e o seu equilíbrio. Pois sem uma cabeça equilibrada não podemos cumprir nosso destino pessoal e como consequência ter uma vida sem sentido.

      O Ojá (muhénge), não é um pano qualquer ou um simples enfeite de cabeça, mas um objeto sagrado que contem seus fundamentos, e sim pode e deve ser usados em público  por todos, homens e mulheres, depende do gosto de cada um, embora todos sem exceção o use em fundamentos.

setembro 14, 2017

JUNHO O MÊS DE PAMBU NJILA EXU

         A casa WAANA KAVUNGO comemora no mês de junho a Divindade Pambu Njila, divindade bantu, que nos ensina como viver nesse mundo de uma forma muito peculiar.

          Pambu Nizila divindade tão necessária para todos, e que possui tanta flexibilidade em lidar com o homem, convive dia a dia com todos nós que nos conhece melhor que nós mesmos.
         
          Esta divindade convive conosco desde quando o nosso corpo é formado dentro da cabaça útero de nossas genitoras, é a ligação entre nós descendentes filhos, nossos ancestrais e Zambe Apungo, como uma conexão que nos liga diretamente a Zambe, de acordo com nossa origem ancestral. É como se Zambe o tivesse colocado em nós como um contato direto a Ele, para nos conhecer e para que reconheçamos em nós, a presença de Zambe através de Pambu Njila.

          Para este ano em nossas comemorações a esta Divindade tão importante, a palavra é JIKULAMESU ou como dizem JANGURAMESU.


    " Jikulamesu quer dizer abra os olhos, ou fique de olho".

        Exu nos pede que agente se observe mais, reveja nossas ações, que abramos os olhos para enxergar a nós mesmo, que nos reconheçamos como somos, para que possamos enxergar os nossos defeitos corrigi-los e valorizarmos as nossas qualidades, para sermos pessoas ainda melhores, conscientes do que somos.
       Pois desta formas seremos capazes de crescer material e espiritualmente.  




                       JIKULAMESU A TODOS.
  


maio 02, 2017

KAMBONDOS OGANS

    Quando nos referimos ao Kambondo ou Ogã, certamente direcionamos nosso pensamento aos atabaques, pois aprendemos que  eles estão relacionados e intimamente ligados, mas por que?

      Esta explicação vem desde os remotos tempos do período da escravidão, quando os Bantos escravizados chegaram ao país colônia e encontraram aqui os Povos Indígenas e reconheceram Neles os verdadeiros donos da Terra.
    Tanto  os Bantos quanto os Indígenas, se encontravam invadidos em seus costumes suas crenças suas Cultura. Uns escravizados trazidos do outro lado do Atlântico e os outros subjugados e invadidos em sua própria terra.

    Mas como  estavam em terra alheia,  e por muito tempo escravizado, os Bantos buscaram a adaptação junto aos Indígenas, buscando retomar sua integridade física moral e ética e principalmente sua cultura sua Religião Ao seu Deus Nzanbe, uma forma de confortar sua alma sofrida e de voltar à sua longínqua terra Mãe através de seus Mikises e seus Bakulus(ancestrais).

     
    A maneira dos Juremeiros(culto a Jurema), sacralizarem seus ancestrais em troncos de árvores sagradas ou na própria árvore, que no caso é a Jurema, se associa plenamente aos rituais que os Bantos cultuam seus ancestrais através da árvore africana Malemba ou Imbondo.
    O culto a Jurema é um a forma que os descendentes dos antigos Indígenas tem de cultuarem seus antepassados, Grandes Chefes, Caciques, Pajés, Guerreiros, Caçadores entre outros, reafirmando em seus rituais de iniciação a Jurema a presença viva de seus antepassados os chamados Mestres e Mestras Juremeiros. 

EM REVERENCIA A:

    Seu Cobra Coral, Seu Pedra Preta, Seu Arranca Toco rei Gentil de Guiné, Seu Sete Cachoeiras, Seu Cambuacy, a Cabocla Jupira, Seu Mata Virgem, Seu Folha Amarela, Seu Pena Branca, Meu Pai Boiadeiro Gibão de Couro mestiço Banto índio e a tantos outros Bakulus que fazem parte da minha família de Santo e de tantas outras.

PEÇO A BENÇÃO DE TODOS.

    No Candomblé Banto Angola temos a tradição de que, quem confirma Kambondos(Ogãs) são nossos Caboclos, pois para os rituais de consagração de Kambondos não se faz no "puro", quer dizer sem estar incorporado por um Bakulu que nesse caso sempre é um Caboclo, ancestral Indígena que representa o dono(ancestral) da terra, para onde os Bantos foram trazidos, terra alheia cujos donos são os antigos Indígenas que habitavam nossa terra a milhares de anos antes dos colonizadores.

    A palavra Kambondo vem de duas palavras africanas;

Kamba   -  Amigo, companheiro, quem zela cuida de algo.
Imbondo - árvore sagrada símbolo da terra africana, cultuada como grande ancestral.

     Kambondo quer dizer, aquele que pessoalmente cuida e é cuidado pelo Ancestral Mikise ou Bakulu, é como se a presença do Kambondo confirmado a,  fosse a representação do Próprio ancestral, Mikise ou Bakulu. Um guardião que cuida que zela por manter a tradição Ancestral viva.
      Um Kambondo sempre é confirmado no "puro" sem incorporação, ora Kambondos não dormem(incorporam), pois como um ancestral nunca dorme, está sempre em alerta.
     A relação dos Kambondos com os atabaques(Ingomas), está associado aos ancestrais através da madeira retirada das árvores cujo corpo das Ingomas são confeccionados. No Candomblé a árvore africana Imbondo foi sincretizada na árvore Gameleira, geralmente sacralizado ao Inkise Tempo patrono do Candomblé angola. 
     A árvore Gameleira é também a representação dos Bakulus ancestrais Indígenas, pois ele sempre viveram em constante contato com o Tempo.

    Desta maneira os Bantos puderam reafirmar sua Religião e sua cultura, buscando na cultura Indígena uma forma de representar seus antepassados. Já que seus antepassados e seus Mikises estavam presentes em seu próprio corpo, mas com o sofrimento da escravidão poderia perder a vida e seus corpos mortos não poderiam mais ser a moradia de seus Mikises.

      A confirmação dos Kambondos feita pelos Ancestrais donos da terra os Caboclos, só vem reafirmar a ligação dos rituais Bantos com os rituais dos antigos Indígenas que aqui habitavam na época do País colônia, como se fosse uma forma que os Bakulus(ancestrais indígenas) tivessem de "espiar", estarem presentes e sua cultura sobreviver também nos rituais Bantos que é uma Religião voltada aos ancestrais e antepassados.



                                     PEMBELÊ BAKULUS
              
                                     MAKUIU A TODOS OS
  
                       PEQUENOS BAOBÁS OS KAMBONDOS

    

abril 12, 2017

O SACRIFÍCIO ANIMAL DO NOSSO DIA A DIA


     Entender a sacralização animal, é essencial para o equilíbrio do Ngunso(axé) de uma casa de Santo.

               O QUE É O SACRIFÍCIO ANIMAL?

    Quando falamos sobre este assunto, nossos pensamentos se voltam para os; karambôro(frango), a sanji(galinha), os engure(caprinos) e o dienbê(pombo), que normalmente são os mais sacralizados em fundamentos de Santo.

               Mais o que realmente é o sacrifício animal?

    " Será que, uma muzenza(yaô), ao passar por uma iniciação de vinte e um dias não seria um sacrifício" ?

     " Será que, um Tata ou Mam´etu de Inkisse, ao dedicar sua vida a cuidar e selar de uma casa de Santo, não é um sacrifício" ?

     " Será que todos os filhos de Santo, ao dedicarem seu tempo disponível para o Santo, não é um sacrifício"?

      " Será que, o sacrifício animal é exclusivamente imolar um animal, tirar-lhe a vida"?

      "Viver e crer o Candomblé, não seria um grande sacrifício"?

     Nós "seres humanos" também não somos animais, também não somos sacrificados em função do "outro" todos os dias.

      Há Pais que digam, que se sacrificar pelos filhos, é um prazer e uma obrigação gratificante. Eu mesmo sinto isto.

      Há profissionais que dizem, que se sacrificar pela carreira/profissão e prazeroso.

     Há Pais e Mães de Santo que dizem, não ser sacrifício algum dedicar toda a vida ao Candomblé. 

     E nós não vivemos em sacrifício constante pelo "Outro".
E isso não é um sentido de comunidade, lutar(sacrificar-se), pelos interesses de todos.

    Segundo a tradição católica mais presente no nosso País, Deus não mandou seu próprio filho como ser humano(animal), para ser sacrificado pelo seu povo?

     Bem, existem vários tipos de sacrifícios a que nós nos submetemos todos os dias. Depois de cada sacrifício que fazemos dia a dia, não nos sentimos satisfeitos, realizados em paz conosco?

     Então sacrifício não é um ato cruel maléfico, se assim fosse a humanidade não teria chegado ao estágio de evolução que temos hoje, e isso graças ao sacrifício de cada um desde o inicio dos tempos.

      Devemos entender que nós não somos totalmente independentes um do outro. E quando digo um do outro falo de nós seres animais racionais ou não, convivendo lado a lado com a natureza como um todo.

     O mundo é composto de seres vivos animados ou não, racionais ou não e estamos todos ligados e dependentes um do outro.

     Nós que vivemos o Candomblé temos consciência de que, não somos sós no mundo mas fazemos parte de um todo e estamos diretamente ou indiretamente ligados uns aos outros e toda a natureza onde habita forças naturais e cósmicas que nos mantem vivos.

     O candomblé é uma religião de sacralização a natureza, tudo o que fazemos em nossos rituais é em homenagem e agradecimento a natureza e suas forças. Quando processamos a iniciação individual de um determinado Inkisse(Orixá) em um Mutuê(ori), nada mais é do que equilibrar parte da natureza que está no mutu(corpo) do filho, para que ele conheça qual parte da natureza da qual foi gerado, para que a pessoa possa aprender a respeitar a natureza como um todo e sua parte individualizada em si mesmo, desta forma harmônica com a natureza contida em seu corpo, essa pessoa terá uma vida plena, aprendendo a realçar suas qualidades e equilibrar seus defeitos, em prol de si mesmo e em expansão com o mundo. 

                             NGUNSO E GUNSO A TODOS  !!!!        

março 07, 2017

PARAMENTOS SAÍDAS DE BRANCO SAÍDA DE CHITA

    Os  Inkises/Orixás, no candomblé, são paramentados com roupas que seguem os moldes da antiga confecção europeia, do tempo da colonização. Das cortes Portuguesa, Espanhola e Francesa no Brasil.
    As roupas das Rainhas, Condessas, Princesas e até de serviçais, eram bem diferentes das roupas usadas pelos Africanos que aqui chegaram no brasil.
    Quando o candomblé foi "instituído" no Brasil, essas confecções Europeias foram incorporadas a confecção de roupas para os Orixás, e servem até hoje para paramentar os Inkises/Orixás. Isso se deve a Fé e Crença que existe entre nós "povo de Santo", para o nosso entendimento, damos o que há de melhor para o Santo, dentro das possibilidades de cada um. 
    Como as roupas dos africanos daquela época eram de confecção simples, então teve-se a ideia de paramentar os Inkises/Orixás ao estilo das confecções Européia. Para um bom observador, ainda podemos ver muitos traços dessas confecções até nos dias de hoje.

    As pessoas em transe com seu Orixá paramentado, nos remete a ideia de estarmos vendo pessoas de grande importância, de grande destaque ou que possua algum titulo de nobreza em contra partida se vermos a mesma pessoa em transe do Orixá paramentado para uma saída de iniciação, veremos apenas pessoas comuns da comunidade. Isso é para diferenciar nós simples mortais dos Inkises/Orixás. 
    Em comparação, somos muito pequenos perante o Orixá, mas ao mesmo tempo de grande valor.

    Quando esta confecção Européia foi incorporada aos paramentos de Santo, se misturou aos fundamentos de cada Inkisse/Orixá. Por isso vemos por ai, Samba kalunga/Yemanjá, paramentada de lamê prata(sangue branco mineral). Inkossi/Ogum, vestido lamê azul metalizado(sangue preto mineral), e assim a cada um foi incorporado em seus paramentos com tecidos "ricos"  os seus fundamentos.

    Quando se trata apenas de um(a) muzenza/yaô, quando se apresenta na sala em suas saídas de iniciação, suas roupas são mais simples mas, sem deixar de identificar o Inkise/Orixá para quem está sendo iniciado.
    




     Um Yaô/Muzenza  quando sai na sala em transe de seu Santo, numa saída de branco(tecido simples de algodão), ela esta totalmente paramentada de branco e até mesmo sua pintura corporal é branca. Só o Egam que envolve seu Mutuê/Ori totalmente raspado sem o Mukunãn(cabelo) e com a pena Ekudidé, é colorida. Essa apresentação de uma muzenza na sala, é uma reverencia aos seus ancestrais, a Lemba/Oxalá a Tempo patrono dos Angoleiros e ao Mutuê seu ori. É a primeira saída porque representa seu inicio sua origem ancestral. Nesse momento o Yaô/Muzenza esta protegida pelos seus ancestrais, pois o tempo todo que o noviço esta na sala, tem sempre alguém soprando sobre ele e em seu caminho a Pemba, proteção contra energias ruins. 

    Se este Yaô/Muzenza sai na sala em transe de seu Santo em uma saída de chita(roupa estampada, tecido simples de algodão), a chamada saída de sarapokã, ele esta devidamente paramentada com sua roupa estampada, listrada(horizontal ou vertical) ou até mesmo xadrez e com o Egam e a pena colorida em torno de seu Mutuê/Ori totalmente raspado. E seu corpo esta pintado com as três cores, azul, vermelho e branco, que são as cores básicas usadas no candomblé para definir expansão e crescimento ou as três pessoas da Santíssima trindade, Lemba/Zumba/Exu. Nessa saída de chita não se vê o "soprar a pemba", porque o Yaô/Muzenza tem outras formas de proteção e defesa, que está devidamente representada na roupa que veste.



    
    Como uma rede de pesca usada para pegar peixes ou uma grade de janela que usamos para proteção, ou mesmo uma tela para cercas, a estampa sobre um tecido branco ou colorido tem o mesmo sentido de proteção e defesa para o Yaô/Muzenza em suas roupas estampadas. Serve para proteção e defesa contra possíveis energias negativas que por acaso esteja no ambiente, afinal nesse período o Yaô/Muzenza está totalmente receptível a toda a energia boa ou má.

    Como podemos observar, não é tão simples assim, não basta comprar um tecido estampado/listrado/lamês e brocados para confeccionar as roupas de santo, tem que ter um minimo de conhecimento e principalmente sabedoria na hora de escolher estes tecidos e a forma de confecciona-los.

    

     
     

março 03, 2017

COMIDA DE SANTO COMIDA DE BRANCO

    Usualmente, comida de Santo é o nome que se dá a qualquer oferta de grãos, farinhas, frutos, verduras, raízes/tubérculos, óleos, sais, elementos da água doce/salgada, combinados de acordo com o Inkisse/Orixá e sua natureza, ou ao objetivo que se quer alcançar.

    A comida de Branco é a comida nossa do dia a dia. Normalmente separamos por esses nomes, para separar a comida que é ofertada ao "Santo" e a que não é.
    Comida de Santo ou "Comida de Preto", referencia a cozinha tradicional Africana. 
    E "Comida de Branco", referencia aos antigos donos de escravos Africanos, que tinham suas comidas diferenciadas dos "Escravos", atualmente é o nome das comidas que comemos em nossas casas de Santo.

    Poucos tem espaço suficiente em sua casas de Santo para separar a cozinha de Santo da cozinha de branco. Nestes casos quando fizerem comida de branco não misture com as comida de santo. Quando for manipular alimentos que são sagrados para o santo, limpe o ambiente faça um defumador, coloque em um prato vela acesa e copo de água, isso vai sacralizar o ambiente, a pessoa que for fazer as comidas deve ser uma pessoa feita e preparada para isto, não permita pessoas de corpo "sujo" sem banho de santo ou abô entrar nesse ambiente. Pra que as comidas já preparadas atinjam o objetivo.
"Lembre sempre que, a Cozinha de santo e as coisas que são feitas la é a continuidade de qualquer fundamento de santo" é local sagrado".

     Entender os "por que" de cada Comida de Santo, é entender primeiramente a natureza de cada Santo.
      A natureza é composta de quatro elementos, água, ar, terra e fogo, e os Orixás são associados a cada uma destas naturezas. Essas naturezas interagem entre si, assim como cada um dos Orixás interagem com esses elementos. Isso nos diz que cada Orixá em maior ou menor grau interagem com os quatro elementos. Uns são mais ligados a água, outros ao ar, outros á terra outros ao fogo, mas todos interagem com ambos elementos.

    A simbologia das cores é marcante para o preparo das "Comidas de Santo" e também os fundamentos relacionados a Menga/Ejé/sangue, mineral, vegetal e animal.

   Cada Orixá tem uma comida básica de acordo com suas origens e natureza. E são comidas que não exigem muita elaboração, são muito simples. Desde Pambunjila/Exu até Lemba/Oxalá. Talvez seja para nos ensinar que o simples é o suficiente.

    A principal comida de Exu/Pambunjila se baseia simplesmente na mistura de  farinha de mandioca, dendê, cachaça, mel, sal e água, ou cada um destes elementos misturados a farinha de mandioca separadamente, é tradicionalmente chamado Padê de Exu, ou ainda Minãn Minãn.
 A farinha é símbolo de descendência genérica individualizada, que caracteriza Exu como o primeiro descente filho individualizado, nascido como primeiro descendente do Masculino e do Feminino, a ponta de cima do triangulo, cuja maior representação esta no 
Egam( fina trança de palha da costa que sustenta o Ekudidè) pena de papagaio, simbolo do que foi nascido gerado.
    
    O dendê e o mel são símbolos do poder gerador feminino, é literalmente poder de realização o que é capaz de fazer com que as coisas sejam e aconteçam.
    A cachaça( o suor) é o calor,  a nossa luta diária que é o crescimento a dinâmica da oferta. 
    O sal é simbolo de vida material, sangue branco mineral.
    A água é simbolo de tudo que é apaziguado equilibrado tranquilo, junto aos outros elementos do Padê(reunião), simboliza equilíbrio. Energia desequilibrada gera muitos desgastes.

    Usualmente todas as comidas de santo tem um tempero em comum, geralmente são: dendê ou azeite de oliva, sal grosso, cebola batida ou em rodelas, camarão seco e mel. Exceto Lemba/Oxalá que não come sal e nem dendê. 
   
    O feijão preto é comida votiva do Inkisse Inkossi/Ogum, símbolo do preto vegetal que cotem em suas substancias o ferro entre outras. Cozido ou torrado, mas não se aplica somente a Ele mas também a todos os outros que tem como fundamento o sangue preto vegetal/animal/mineral como partes de seus fundamentos como Pambunjila e Zumba/Nanã.
     O feijão preto para Inkossi/Ogum é geralmente cosido ao dente em água, deixando secar a água para não escorrer, pois assim não perde suas características, e depois refogado em dendê sal grosso, cebola. Colocado em alguidar e enfeitado por cima com molho de camarão e cebola em rodelas finas e é decorado com folhas do Inkisse. 
    Quando o feijão é torrado geralmente com um pouco de dendê e pouco sal é ofertado em alguidar decorado com folhas própria,  essa comida é própria para o Inkossi que tem caminhos com Mavambo.
    O feijão preto bem cosido e sem água é amassado com dendê e sal e modelado em forma de bolinhos compridos em quantidade de 3, 7, 9, 11, colocado em alguidar e enfeitada com ervas próprias do Inkisse, arriado em alguidar.
     Alem dessas comidas elaboradas com o feijão preto Inkossi/Ogum tambem come; cará barbado simplesmente cozido ou assado, descascado ou não, dividido ao meio de comprido ou inteiro e enfeitados com palitos; fatiado de comprido cru e frito no dendê em quantidades de 3, 7, 9 ,ou 11 fatias, em casas de Kavungo pode pegar o Cará chinês ou cará dedo elaborado da mesma forma que o cará barbado, também come xinxim feito com grão de bico cozido, feijão fradinho cozido, milho seco cozido, canjica amarela, todos esses grãos misturados e refogados com dendê e sal, um pouco de camarão e cebola batida, finalizando com um pouco de farinha de mandioca misturada aos grãos e colocado em alguidar enfeitado com molho de camarão e ervas própria de Ogum.
    
    As comidas votivas de Katendê/Ossanhe é elaborada basicamente com milho seco comum; torrado com folhas de louro e fumo de rolo colocado em alguidar enfeitado com folhas próprias do Inkisse. Também o feijão fradinho feito a mesma maneira do milho. O milho e o feijão fradinho também podem ser cozidos e colocado em alguidar enfeitado com fumo de rolo em lascas folhas do Inkisse e regado com mel.Todas estas comidas podem também serem colocadas em cabaças cortadas no seu comprimento.
     A milonga comida votiva do Inkisse Katendê, é composta de um pouco de; um punhado de milho cozido, canjica amarela cozida, canjica branca cozida,feijão preto cozido (bem pouco),  amendoim cosido, tudo misturado com mel e enfeitado com lascas de fumo de rolo e algumas pipocas, colocada em alguidar ou cabaça forrados com folhas de fumo.

    Mutakalambu/Oxossi, sua comida é baseado em milho seco cosido, (sangue vermelho vegetal, simbolo do poder gerador da terra).O milho cosido, pode ser refogado com dendê ou azeite de oliva, temperado com camarão, cebola e sal grosso, colocado em alguidar e enfeitado com folhas próprias de Mutakalambu/Oxossi. O milho também pode ser simplesmente cosido e misturado ao mel ou melaço, coberto com fatias de coco em meio circulo e folhas próprias do Inkisse. O milho também verde em espigas cosidas com casca, depois de cosidas as espigas são arregaçadas limpas e tirados seus cabelos, desfiadas as folhas da espiga, colocadas em alguidar e enfeitadas com amendoim passado no dendê ou azeite de oliva. Todo o modo de se preparar o milho serve também para o feijão fradinho(sangue branco vegetal, símbolo das grandes mães).

    Zaze/Xangô, basicamente sua oferta de comida é o quiabo cortado em cruz e batidinho, em quantidade de 33 por exemplo; que somado é seis ou 42 que somado também é seis....temperado com dendê ou azeite de oliva, sal grosso, camarão seco, pimenta malagueta em pouca quantidade e cebola batida, cozido em forma de guizado e batido com colher de pau na panela, é chamado de amalá batido, pra nós é o dilangobango, forra a gamela(comprida, simbolo do masculino), com pirão de farinha de mandioca(funji) ou angu de fubá amarelo, preparado com dendê e ou azeite de oliva e sal grosso. Coloca este pirão(funji) forrando a gamela e por cima o dilangobango(amalá), e enfeita a comida com 12 folhas de fortuna, 12 quiabos crus de pé inteiros, 12 acaças branco , 12 moedas e 12 buzios, brancos ou marrosns.

Dialangobango.

Bango(dinheiro - riqueza).
Loango( Zaze Loango).

Dialangobango, é a riqueza de Zaze Loango, esta comida é simbolo do poder ancestral que traz equilíbrio estabilidade prosperidade e mantem a riqueza ancestral na casa.
    Alem do funji(pirão) de farinha de mandioca ou de fubá amarelo, a gamela comprida pode também ser forrada com a massa do acaça branco sem nenhum tempero, com cará barbado cosido ou assado, amassado e temperado com azeite de oliva e ou dendê.

    Para Kavungo/Omolu, a comida votiva mais comum é o milho alho(milho de pipoca), torrado na panela com areia do mar.
A areia do mar é símbolo da força ancestral, cada grãozinho representa a força ancestral de um antepassado, e todos os grãos juntos é grandiosamente um poder ancestre inigualável. Simbolicamente cada grão de milho representa uma grão de areia.
    A panela é um continente útero, onde repousa a areia, quando colocamos os grãos de milho dentro da panela e a levamos ao fogo, essa panela é um útero quente pronto para gerar vida. Simbolicamente o ato de estourar a pipoca  numa panela de areia do mar quente é o renascimento de todo o poder ancestral contido em cada grão de milho, que Kavungo/Omolu representa.
    Para melhor entendermos, a ação de estourar pipocas para Kavungo, é simbolicamente o nascimento de um novo ser, uma nova vida, cujo nascimento se deu por força de seus ancestrais.
Cada nascimento gera vida e morte ao mesmo tempo, nascemos das treva(preto) para a luz(branco). No momento do nosso nascimento a fusão das trevas(corpo) com a luz(vida) é representado nas cores preto e branco das guias de Kavungo.
    O corpo fisico pertence a Kavungo, que deve retornar ao utero(zumba) sua mãe.  
    Kavungo também come feijão preto torrado e triturado com sete pimentas da costa colocado dentro de um alguidar formando um montículo e em volta coloca-se pipoca, enfeita-se com ervas do santo.
     
     O feijão preto também pode ser cozido ao dente refogado com dendê cebola batida sal e camarão colocado em alguidar e por cima no meio mostarda refogada com molho de camarão e em volta pipoca.
      
      A farinha de milho amarela ou o fubá, temperada com dendê um pouco de sal grosso sete pimentas da costa moídas camarão seco triturado, esta mistura é umedecida com água e colocada em cuscuzeiro ou panela tampada para cozinhar, é o chamado fubá suado, depois de pronto colocar em forma de montículo no alguidar e rodear com pipoca.
    
    Também o inhame chinês também chamado cará dedo, cozinhar sete, depois de cozido e descascados é amassado e temperado com sete pimentas da costa moídas dendê e sal grosso, formar sete bolas e colocar no alguidar.

    A costela de boi, separa um pedaço dessa carne com 7 pedaços de osso, tempere com sal grosso e dendê, leve à panela para muquear(ir pingando água até tostar), depois de pronto retire da panela e na mesma panela coloque cebola batida, camarão seco pimenta da costa moída mais um pouco de dendê se precisar. Coloque essa costela já pronta no alguidar jogue esse molho de camarão por cima e acrescente pipoca em volta.

     O  cuscuzeiro de pipoca, compre um coco seco dos grande, retire a água, leve ao fogo para soltar a casca, serre esse coco ao meio, retire a casca dura do coco, descasque  e depois divida cada metade ao meio, vá fatiando, em fatias finas em forma de meia lua(arqueado), coloque a pipoca pronta no alguidar, enfeite com os pedaços fatiados, uma das pontas da fatia do coco no meio do alguidar a outra ponta da fatia na lateral do alguidar, vá colocando uma ao lado da outra de modo a tomar o formato de um cuscuzeiro ou se preferir uma aranha.

     Para Angorô, lavar um bom punhado de canjiquinha, colocar para cozinhar com uma boa quantidade de água que pode ser de chuva cachoeira ou água de uso comum, temperar com cebola ralada camarão seco sal grosso dendê ou azeite de oliva. Quando estiver cosido bater com colher de pau ainda na panela até formar um creme, meio grosso, colocar em louça comprida ou redonda enfeitar com 3, 5, 7 ou até 14 ovos cosidos, fazer um molho de camarão seco cebola em rodelas e um pouco de sal e enfeitar a comida.
    
     Cozinhar o feijão fradinho inteiro, escorrer a água, refogar com camarão seco cebola batida sal grosso, dendê ou azeite de oliva, colocar em alguidar de barro forrado com 3, 5, 7, ou 14 folhas da planta jiboia, por cima colocar ovos ( 3, 5, 7, 14) cosidos e fatiados de comprido em quatro partes , colocar por cima do feijão refogado. Se for para Angoromeia os ovos devem ser fatiados redondos.
      Colocar molho de camarão com cebola em rodelas dendê ou azeite de oliva e poco sal pro cima de tudo.

    As cobras para Angorô e Angormeia, a massa para modelar as cobras podem ser feitas com: batata doce cosidas e amassadas, massa de canjiquinha, massa de acaça branco ou amarelo. Essas massa  são sempre temperadas com azeite doce ou dendê, sal grosso  cebola ralada camarão seco triturado, pode também colocar simplesmente mel nessas massas. Modelar as cobras sempre em pares, macho e fêmea, ou apenas uma em forma de círculo simbolo de continuidade. Colocar em alguidar travessas ou louças brancas, modelar a cabeça das cobras com olhos boca com língua e rabo fino, sinalizar os olhos com caroço de feijão fradinho e a língua em forma de forquilha com casca de tomate. Enfeitar em volta das cobras e entre elas com ovos inteiros ou fatiados, sementes de girassol,  umas 14 pipocas ervas do santo búzios abertos e moedas.

    Pegue um bom pedaço de carne de boi o lagarto, tempere com dendê ou azeite de oliva sal grosso, coloque em uma panela para muquear(tostar), vá pingando água até a carne ficar pronta, separe o lagarto, na mesma panela coloque camarão seco, cebola batida azeites se ainda precisar, refogue o feijão fradinho já cosido nessa panela. Coloque o lagarto já pronto numa travessa de louça branca, e em volta o feijão fradinho refogado, faça um molho de camarão seco e cebola em rodelas e enfeite a comida, coloque ervas do santo e também ovos cosidos.

     O inkisse Tempo, aprecia muito o milho branco chamado ebô, mas diferente de Lemba/Oxalá, gosta do milho branco cosido e temperado com vinho branco mel e sal grosso, colocado em alguidar ou louça branca, enfeitado com pedaços de pão de sal cortado de comprido, e folhas do Inkisse.

    Tempo gosta de massa de feijão fradinho sem temperos envolta em folha de bananeira em forma de acaça e cosido no vapor, depois de cosido retira a folha de bananeira esfarela os ekurus, coloque em louça branca ou alguidar, coloque 9 acaças brancos em cima e rega com mel, enfeite com folhas do santo.
   
    Coloque em alguidar, gamela ou louça branca massa de acaça branco, para forrar a vasilha, coloque por cima pipocas, estouradas no azeite de oliva, enfeite com ervas do santo.

     É bom tratar do Inkisse Tempo sempre no branco, gera Harmonia na casa.

      Para tratar de Tempo assentado em árvores, não individualizado, quer dizer feito em Ori de ninguém, pode se arriar todas as comidas de Santo que são feitas para outros Inkisses, aos pés da árvore num banquete a Kitebu onde há comidas bebidas e frutas diversas além de cortes devidos a esse inkisse. Afinal árvores sacralizadas a Kitembo assume o papel de ligação da terra(ixi) com o (duilo) céu, por onde todas as energias da terra da água do fogo e do ar se conectam ao céu, quer dizer a árvore é ligação do axé ancestral contido na terra com o axé ancestral contido no ceu Orum, e tudo isso regulado por kitembu.
     
    Matamba/Inhansã  sua comida votiva é o acarajé, feito a base de farinha de feijão fradinho temperada com massa de camarão pimenta malagueta cebola batida e sal grosso e frito no azeite de dendê.
    A farinha de feijão fradinho assim como todas as farinhas feitas de grãos e raízes, é descendência genérica individualizada  o dendê é poder de realização feminino, simbolicamente o acarajé representa também o poder das mães de gerar em seu útero os filhos, o gerar filhos é a garantia de expansão de todas as linhagens ancestrais e dos antepassados garantido sua descendência sem a qual toda a criação seria sem propósito.  

    O bobó de camarão que pode ser feito a base de mandioca ou o inhame rosa ou inhame cabeça, cozinha o inhame descasque amasse bem até formar uma pasta, refogue com dendê camarão seco triturado cebola batida sal grosso coloque água e faça como um pirão mais grosso, deixe cozinhar, coloque em tigela branca, faça um molho de camarão, seco inteiros com cebola em rodelas dendê e pouco sal e nove pimentas malagueta, coloque este molho por cima do bobó na tigela e ervas do Inkisse.

    A massa de arroz cozido tempere com dendê pimenta malagueta cebola batida sal grosso, faça nove bolinhos frite em azeite de dendê, coloque em meia cabaça enfeitada com 9 folhas de louro.

    Farofa de quiabos, corte os quiabos em fatias redondas e finas, toste o quiabo no dendê, acrescente farinha de milho amarela, cebola batida sal grosso um pouco de água pimenta malagueta triturada, mexa bem até formar uma farofa, forre um prato de louça branca ou em meia cabaça com ervas do Santo coloque a farofa de quiabos.

    Amalá, corte os quiabos em fatias redondas e finas, refogue com dendê, cebola batida pimenta malagueta sal grosso e camarão seco, coloque 9 quiabos pequenos inteiros(aqueles curvados) para cozinhar junto, coloque essa comida em louça branca, os nove quiabos inteiros retire e separe, depois de colocar o amalá na louça, enfeite por cima do amalá com os nove quiabos inteiros de modo a formar um cata vento, enfeite também com 9 folhas da fortuna.

    Dandalunda/Oxum também gosta do inhame rosa, cosido amassado e temperado com camarão seco moído, cebola batida, um pouco de sal grosso e refogado em azeite de oliva, depois coloca em louça branca enfeite com 5 ovos cosidos e molho de camarão, enfeite com crisântemo amarelos e ou rosas amarelas.
   
    Omolocum dissolva a farinha do feijão fradinho em água tempere com cebola batida sal grosso camarão seco triturado ponha para cosinhar com azeite de oliva, quando estiver soltando do fundo da panela já esta cozido, coloque em louça branca enfeite com 5, 8 ou 16 ovos cozidos ervas do santo e flores amarelas, pode colocar molho de camarão por cima.

    Dandalunda também gosta de bolas de arroz(5) cozido regado ao mel, servido em prato de louça branca enfeitado com flores e ervas do santo.

    Samba kalunga/Yemanjá, cozinhe o arroz em água com um poco de azeite de oliva e bem pouco sal grosso, coloque em louça branca, enfeite com molho de  9 camarão feito com azeite de oliva  cebola fatiada redonda, coloque ervas do santo e flores brancas para enfeitar.

    Limpe um peixe(tainha), retirando só as tripas deixando as escamas, coloque água temperada com azeite de oliva sal grosso e cebola batida, coloque o peixe dentro desta água e vá cozinhando sem deixar desmanchar, retire o peixe já pronto e separe, com a água que preparou o peixe faça um pirão(funji) com farinha de mandioca ou de arroz, forre uma louça branca comprida que caiba o peixe com o pirão, coloque o peixe já pronto por cima, faça um molho de camarão cebola fatiada redonda e pouco sal grosso no azeite de oliva, regue o peixe com esse molho, enfeite com ervas do santo e flores brancas.

    Samba kalunga também aprecia 9 bolas de arroz ou de canjica branca, regadas ao mel ou azeite de oliva, em prato de louça branca enfeitado com flores e ervas do santo.

    Da mesma forma que é feito o peixe para Samba kalunga, também se faz o peixe Dourado para Dandalunda/Oxum

    Ganga Zumba/Nanãn, sua comida predileta é o mingau feito com farinha de arroz, depois de cozido coloque molho de camarão seco cebola fatiada redonda sal grosso e azeite de dendê ou azeite de oliva. Essa comida é chamada de denguê(mingau) e representa a lama matéria de origem.

    Limpe um peixe bagre retire somente as entranhas, coloque para ferventar em água com azeite de dendê, cebola batida e sal grosso, depois de pronto separe o peixe, faça com a água que ferventou o peixe um pirão com farinha de mandioca ou farinha de milho branco ou ainda farinha de arroz, depois de pronto coloque em louça comprida branca coloque o peixe, faça um molho com camarões seco cebola fatiada redonda, sal grosso,coloque por cima da comida este molho, enfeite com ervas do santo e flores brancas.

    Gangazunba gosta também de arroz cozido sem temperos, bem solto colocado em louça branca e regado com mel, enfeitado com flores brancas ou lilás e ervas do santo.

    Lemba/Oxalá, o que ele mais gosta é da canjica branca cozida sem nenhum tempero, colocada em louça branca e enfeitado com ervas do Santo e flores branca.

    Kassuté/Oxaguian, aprecia muito o cará barbado cozido e temperado com mel ou cera de ori, colocar essa massa em louça branca e enfeitar com oito acaçás branco, ervas do santo e flores branca.  Essa comida representa a massa ancestral do qual ori é modelado.

    Lemba também gosta de 8, 10 e 16 bolas de arroz cozido, ou cara barbado cozido canjica cozida, colocado em pratos ou travessas de louça branca forrada com algodão ou ainda com a folha tapete de oxala, regado com mel.


    Todas estas comidas para todos os santos, podem ser enfeitadas colocando fitas nas cores e quantidades para cada santo, no fundo da vasilha que irá colocar a comida, também enfeite com búzios e moedas sempre na quantidade que cada santo pega.
   Quanto a o continente(vasilhas) onde serão colocadas as comidas, deve sempre respeitar a natureza de cada santo.
    A simbologia das fitas, elas sinalizam o caminho. Coloque duas fitas uma cruzando a outra, encontrará a cruz, o principio dinâmico da vida, a partir dessa cruz inicial coloque as outras de modo a formar todos os pontos cardeais possíveis.

Por exemplo; sete fitas de um metro cada uma, e cada um metro de fita de uma cor; azul escuro, verde escuro, vermelho, laranja amarelo, lilás e branca. Começarei sempre pelas cores mais escuras, no caso azul escuro e verde escura, colocarei a azul escura e sobre ela a verde escura formando uma cruz, a partir dai irei usar as cores, vermelho e lilás, colocarei a vermelha cruzando a verde e a lilás cruzando a vermelha, depois a laranja cruzando a lilás e a amarela cruzando a laranja e por ultimo a branca cruzando a amarela. E farei isso por exemplo dentro de uma louça branca, para colocar a comida de Angorô. As fitas podem ser usadas para todas as comidas de santo respeitando, sempre as cores de cada um e o tamanho. Geralmente se usa fitas de um metro, por exemplo 10 pedaços de fita branca de um metro cada. o numero um é simbolo de exu que alem de ser o dono dos caminhos é o principio de força dinâmica que impulsiona todos nós filhos e Orixas para a evolução.




                       MAKUIU A TODOS