Translate

Translate

Translate

Translate

Translate

Translate

março 07, 2017

PARAMENTOS SAÍDAS DE BRANCO SAÍDA DE CHITA

    Os  Inkises/Orixás, no candomblé, são paramentados com roupas que seguem os moldes da antiga confecção europeia, do tempo da colonização. Das cortes Portuguesa, Espanhola e Francesa no Brasil.
    As roupas das Rainhas, Condessas, Princesas e até de serviçais, eram bem diferentes das roupas usadas pelos Africanos que aqui chegaram no brasil.
    Quando o candomblé foi "instituído" no Brasil, essas confecções Europeias foram incorporadas a confecção de roupas para os Orixás, e servem até hoje para paramentar os Inkises/Orixás. Isso se deve a Fé e Crença que existe entre nós "povo de Santo", para o nosso entendimento, damos o que há de melhor para o Santo, dentro das possibilidades de cada um. 
    Como as roupas dos africanos daquela época eram de confecção simples, então teve-se a ideia de paramentar os Inkises/Orixás ao estilo das confecções Européia. Para um bom observador, ainda podemos ver muitos traços dessas confecções até nos dias de hoje.

    As pessoas em transe com seu Orixá paramentado, nos remete a ideia de estarmos vendo pessoas de grande importância, de grande destaque ou que possua algum titulo de nobreza em contra partida se vermos a mesma pessoa em transe do Orixá paramentado para uma saída de iniciação, veremos apenas pessoas comuns da comunidade. Isso é para diferenciar nós simples mortais dos Inkises/Orixás. 
    Em comparação, somos muito pequenos perante o Orixá, mas ao mesmo tempo de grande valor.

    Quando esta confecção Européia foi incorporada aos paramentos de Santo, se misturou aos fundamentos de cada Inkisse/Orixá. Por isso vemos por ai, Samba kalunga/Yemanjá, paramentada de lamê prata(sangue branco mineral). Inkossi/Ogum, vestido lamê azul metalizado(sangue preto mineral), e assim a cada um foi incorporado em seus paramentos com tecidos "ricos"  os seus fundamentos.

    Quando se trata apenas de um(a) muzenza/yaô, quando se apresenta na sala em suas saídas de iniciação, suas roupas são mais simples mas, sem deixar de identificar o Inkise/Orixá para quem está sendo iniciado.
    




     Um Yaô/Muzenza  quando sai na sala em transe de seu Santo, numa saída de branco(tecido simples de algodão), ela esta totalmente paramentada de branco e até mesmo sua pintura corporal é branca. Só o Egam que envolve seu Mutuê/Ori totalmente raspado sem o Mukunãn(cabelo) e com a pena Ekudidé, é colorida. Essa apresentação de uma muzenza na sala, é uma reverencia aos seus ancestrais, a Lemba/Oxalá a Tempo patrono dos Angoleiros e ao Mutuê seu ori. É a primeira saída porque representa seu inicio sua origem ancestral. Nesse momento o Yaô/Muzenza esta protegida pelos seus ancestrais, pois o tempo todo que o noviço esta na sala, tem sempre alguém soprando sobre ele e em seu caminho a Pemba, proteção contra energias ruins. 

    Se este Yaô/Muzenza sai na sala em transe de seu Santo em uma saída de chita(roupa estampada, tecido simples de algodão), a chamada saída de sarapokã, ele esta devidamente paramentada com sua roupa estampada, listrada(horizontal ou vertical) ou até mesmo xadrez e com o Egam e a pena colorida em torno de seu Mutuê/Ori totalmente raspado. E seu corpo esta pintado com as três cores, azul, vermelho e branco, que são as cores básicas usadas no candomblé para definir expansão e crescimento ou as três pessoas da Santíssima trindade, Lemba/Zumba/Exu. Nessa saída de chita não se vê o "soprar a pemba", porque o Yaô/Muzenza tem outras formas de proteção e defesa, que está devidamente representada na roupa que veste.



    
    Como uma rede de pesca usada para pegar peixes ou uma grade de janela que usamos para proteção, ou mesmo uma tela para cercas, a estampa sobre um tecido branco ou colorido tem o mesmo sentido de proteção e defesa para o Yaô/Muzenza em suas roupas estampadas. Serve para proteção e defesa contra possíveis energias negativas que por acaso esteja no ambiente, afinal nesse período o Yaô/Muzenza está totalmente receptível a toda a energia boa ou má.

    Como podemos observar, não é tão simples assim, não basta comprar um tecido estampado/listrado/lamês e brocados para confeccionar as roupas de santo, tem que ter um minimo de conhecimento e principalmente sabedoria na hora de escolher estes tecidos e a forma de confecciona-los.

    

     
     

Um comentário:

Felix Marinho disse...

Devemos entender de uma vez por todas
que candomblé foi "instituído" no Brasil SIM, sem aspas. Para melhor nos fazer entender, o candomblé foi criado no Brasil, pois não existe candomblé na África.

Sendo que o Candomblé Brasileiro
é a evolução dos antigos cultos tribais africanos e modelo para todos os outros segmentos religiosos africanos da diáspora. Ao contrário do culto africano, no Candomblé Brasileiro o orixá (inkice, vodun etc) não é ancestral de ninguém, é UNIVERSAL. Em relação a paramentação dos orixás no Candomblé Brasileiro, à ocidental européia, trata-se de legado cultural que faz parte da história do homem negro (na lamentável condição de escravizado) no Brasil. Que na minha opinião, não deve ser modificada. Os famosos Agudás do Benin, se vestem a moda brasileira do século dezenove e preservam outros costumes adquiridos no Brasil colonial escravista, como forma de identidade cultural. Porque então o Candomblé Brasileiro tem que se modificar?